Alexandre de Moraes, o STF e a referência da soberania nacional brasileira
Enio Lins
ATÉ O MOMENTO em que esta coluna foi ao prelo, ontem, e postada hoje (às 6:42) nenhuma das três canetas alagoanas no Senado havia subscrito a imoral petição pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Aplausos!! Alagoas está presente também entre as duas únicas cadeiras senatoriais do PL que não haviam chancelado a impostura: Eudócia Caldas e o carioca Romário, ambos ainda resistindo bravamente à gigantesca pressão da quadrilha do Jair – aplausos redobrados neste caso!
ALEXANDRE DE MORAES representa a coragem e a capacidade da Justiça brasileira de enfrentar, simultaneamente, duas perigosas tradições: a impunidade no cometimento de golpes de Estado, e crença generalizada sobre a invulnerabilidade jurídica do grande capital, especialmente o internacional. Num enfrentamento inusitado e destemido, aplica-se a lei segundo a consigna “doa a quem doer”. São muitos os poderosos doídos, doidos com essa novidade. O alvo dessa gente não é um magistrado, mas a Justiça.
QUANDO O AUTOCRATA TRUMP, na condição de presidente americano, aponta suas armas para os 11 integrantes do Supremo Tribunal Federal brasileiro, cassa os vistos de entrada nos Estados Unidos para oito (impõe penalização indevida, sem processo nem julgamento, nem autoridade para tal, a um deles) e mantém convidativas portas abertas para apenas três, escancara sua convicção como corruptor e em seu poder de corromper, numa tremenda desfaçatez em chantagear abertamente o poder judiciário de um país alheio. Qual a real motivação para tanto?
APAVORA A ESSA GENTE a suprema corte brasileira decidida a mexer em casas de marimbondos até então intocáveis. Duas ações chocaram o sistema: 1) apurar e punir uma tentativa de golpe de Estado, pois os golpistas brasileiros, historicamente, quando venceram, roubaram, mataram e arrebentaram; quando perderam, ganharam anistias graciosas. 2) cobrar a aplicação das leis vigentes às ditas big techs, pois os gigantes da economia sempre imaginaram as leis brasileiras a seus pés. Ao cutucar essas duas feridas, o STF choca e impacta um sistema altamente viciado. Daí Trump & bolsonaristas, coligados, não tentam apenas dar um drible, mas sim aplastar a Constituição.
SÃO FARTAS E INQUESTIONÁVEIS as provas sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, elementos comprobatórios que não se restringem à intentona de 8 de janeiro de 2023, e se replicam a cada gesto do principal réu e de seus cúmplices, inclusive com manifestações públicas – direto de Washington DC – do filho 03 se autorresponsabilizando, em nome do papai dele, pelo crime de traição nacional, mergulhando de cabeça no previsto no artigo 359-I do Código Penal brasileiro.
SÃO ULULANTES AS MOTIVAÇÕES pessoais de Donald Trump no desrespeito às leis para empresas estrangeiras no território brasileiro. A Trump Media está em litígio com o Supremo Tribunal Federal, com ações tramitando no Middle District Court da Flórida, atualmente imobilizadas na justiça americana. Essas ações trumpistas têm o mesmo mote da X (ex-Twitter) e da Rumble, empresas norte-americanas de tecnologia no ramo das plataformas digitais. Faturam fortunas oferecendo, ilegalmente, impunidade para quem queira divulgar qualquer coisa sobre qualquer assunto, inclusive (muito lucrativas) notícias mentirosas e campanhas de desinformação. Sobre a empresa de Donald, em 03/10/2024, a revista Exame publicou: “Trump Media ultrapassa US$ 10 bi e já vale mais que o X de Elon Musk”. São interesses poderosos – autoritários, c riminosos, plutocratas – que se alevantam contra quem quer que ouse fazer valer as leis. Parabéns, portanto, a todo senador, toda senadora, que recusou sua assinatura à petição desses fora-da-lei.
TODA SOLIDARIEDADE À ALEXANDRE DE MORAES, à parcela insubmissa do STF, à toda pessoa, aqui e alhures, que não se intimide às ameaças da autocracia trumpista.
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Leia: Ronald Freitas: Soberania inegociável https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/ronald-freitas-opina.html
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