30 abril 2009

Opinião de Sérgio Augusto

Em meio à lama, qual o rumo para a democracia?
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br

Podemos somar às considerações feitas pelo vereador e líder comunista Luciano Siqueira sobre o melhor rumo a ser tomado em pleno cenário de críticas generalizadas aos políticos e partidos, podemos somar o seguinte: a tomada do poder por parte de um partido e seus aliados é, no caso do Brasil, um veneno nas veias dos que o fazem. E isso não é nenhuma consideração popularesca, superficial.

Estes conquistadores do poder transformam-se, do dia para a noite, em políticos inteiramente iguais àqueles que foram apeados do poder.

Este fenômeno - não só brasileiro, vejam o caso da antiga União Soviética - marcou a subida ao poder por parte do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) de Getúlio Vargas, logo depois de conquistar o poder da República nas memoráveis eleições de 1950.

Quem protegeu-se deste virus da gripe suina, aliás, da gripe do poder, até hoje, foi o Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. Por que?

Porque não permitiu, ao longo de seus 87 anos de existência, que seus integrantes - dentro ou fora do poder - discrepassem da orientação ideológica clara, exigente e realista. Talvez seja por isso que nunca conquistou, para si, o poder máximo da República.

Não se trata - como vemos nos dias de hoje - de nenhum centralismo dogmático e autoritário. Fosse autoritário e o PCdoB já estaria esfacelado, pois o oposto à permissividade de idéias, que transformou o PMDB num circo, esse oposto também é um virus destruidor.

Esta é uma hora ideal para que os brasileiros considerem a qualidade dos poderes da República, em meio a uma tempestade de descobertas e denúncias envolvendo os escaninhos do Senado, da Câmara dos Deputados, assembléias Legislativas e câmaras municipais, executivos e até o Poder Judiciário.

E já começam a aparecer opiniões, insinuações e idéias pondo em dúvida a eficiência do Estado Democrático de Direito no trato da res pública, no trato das necessidades sociais. Mas, hoje vivemos um clima muito diferente, revelando um país vacinado contra o golpismo.

Mesmo as figuras e grupos marcados pelas conspirações do passado permanecem de bico calado. Aprenderam que a liquidação da ordem democrática não gerou os frutos que pretendiam. As vivandeiras de quartel viraram, há mais de 20 anos, meras estatuetas nos museus pouco visitados.

Os partidos, mesmo os mais direitosos, não dão chance para que se considere internamente alternativas anti-constitucionais. Diante desse e de outros sinais dos tempos em que vivemos, é possível constatar que, enfim, o Brasil aprendeu a distinguir e valorizar os meios nascidos e amadurecidos em atmosfera democrática. E perceber que a saída para superar as coisas podres fazem parte deste mesmo regime, aberto e respeitador dos direitos políticos de seus cidadãos.
* Jornalista

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