No Vermelho, por Eduardo Bomfim
A nova Influenza
No momento em que escrevo este artigo o número de óbitos provocados pela nova gripe A (H1N1) é de 24 pessoas, o que deverá aumentar em escala progressiva devido ao seu caráter epidêmico, muito embora o seu grau de virulência seja inferior ao previsto, dizem as autoridades sanitárias mundiais e brasileiras.
Mas algumas questões consideradas sérias já foram levantadas desde as epidemias de Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) e gripe Aviária lá mais ou menos por 2003.
Uma dessas observações diz respeito ao risco de disseminação de pandemias provocada pelos métodos industriais da criação ultraconfinada de aves e suínos, em todo o mundo, ocasionando graves problemas sanitários e, afirmam os cientistas, condições propícias à proliferação de agentes infecciosos.
Outra causa das epidemias que rapidamente se espalham pelo planeta é que o mundo ficou pequeno devido ao extraordinário encurtamento das distâncias através dos atuais meios de transportes.
No entanto, essa não é a explicação ideal e ela pode muito bem servir como cortina de fumaça para encobrir as causas fundamentais desse problema cada vez mais sério e com intervalos entre uma e outra manifestação mundial cada vez mais curtos.
Além das referidas técnicas internacionais de criação intensamente confinada de aves e suínos, com preocupações sanitárias e epidemiológicas em iguais proporções, o historiador e cientista norte-americano Mike Davis da Universidade da Califórnia alerta para outras razões também muito sérias.
Ele afirma, baseado em pesquisas, que a maioria da humanidade não tem acesso às vacinas e aos fármacos antigripais e que os remédios de salvação para pandemias deveriam ser um direito humano global, mas a Organização Mundial de Saúde não obteve consenso nenhum sobre esse aspecto entre os países do primeiro mundo.
Não há consenso e não se impediu o monopólio, a sede irrefreável por lucros fabulosos, auferidos pela grande maioria das poderosas indústrias farmacêuticas multinacionais que detêm as patentes dos principais antibióticos e antigripais.
E finalmente declara que se a Terra transformou-se em uma aldeia global o mesmo pode-se dizer sobre a atual tragédia mundial dos sistemas de saúde pública, inclusive no Brasil.
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