Uma crítica improcedente às recentes mudanças no governo estadual
Luciano Siqueira
O velho ditado de que à mulher de César não basta ser honesta, é preciso que prove se aplica à vida política com muita propriedade. Ao governante, não bastam as boas e meritórias intenções, é preciso que as pratique sem margem a dúvidas. Assim mesmo não basta.
Segunda-feira última, ao anunciar alterações em sua equipe, o governador fez questão de sublinhar a ausência de vinculação imediata entre essas alterações e o episódio eleitoral de 2010. Ou seja: os que vieram para o governo deverão centrar sua ação no fazer administrativo, deixando a questão eleitoral para o momento apropriado.
Nada mais justo e sensato. Governo que se permite antecipar precipitadamente os preparativos para a eleição futura perde triplamente: decai o ímpeto administrativo, semeia a discórdia em sua base de apoio e se faz vulnerável aos ataques adversários.
Isto não quer dizer que o ingresso na equipe do governador de quadros de grande destaque como João Paulo e Luciana Santos esteja despido de sentido político, nem que agora se pretende esconder que ambos deverão ter presença relevante entre os pretendentes a cargos eletivos em 2010. Mas soa rasteira e primária a crítica de que com a nomeação dos dois ex-prefeitos o governador estaria antecipando o fato eleitoral.
Quem já passou pela gestão pública sabe que toda equipe de governo se fortalece quando inclui quadros com experiência administrativa, tirocínio político e visibilidade pública. Estes, via de regra acrescentam élan realizador e ampliam o respaldo social do governo. É o que acontecerá com Luciana Santos e João Paulo, assim como com os assessores especiais Severino Souza, Cleuza Pereira e Odacir Amorim, igualmente reconhecidos como gestores capazes.
Mas terão pouco tempo no governo, pois em abril do ano que vem terão que sair para cuidar de suas candidaturas – dizem os críticos. É verdade. Porém a variável tempo, nesse caso, está relacionada com a continuidade – ou seja, sobretudo os dois novos secretários não chegam para inventar a roda, e sim para prosseguir uma obra de governo em andamento. É como um veículo em movimento que apenas troca de condutor e com isso ganha mais agilidade e presteza na superação de obstáculos tendo em vista o pretendido ponto de chegada.
Agora, uma dúvida não tenha o leitor. Por mais que se esmerem no cumprimento do seu dever, os novos auxiliares do governador, Luciana e João Paulo especialmente, serão sempre alvo de parte da mídia e dos adversários que procurarão encontrar chifre em cabeça de cavalo tentando dar conotação eleitoral a cada gesto que pratiquem.
É da vida, que se há de fazer? Vide a mulher de César...
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