Luciano
Siqueira
Amizades antigas, novas amizades. Diálogos esporádicos ou frequentes, ricos em cumplicidade. Até o dia em que descubro que fui deletado.
Como assim? Neste fim de ano, o cuidado em enviar ao endereço certo uma mensagem plena de poesia, afeto e esperança, renovando amor e luta, me leva a conferir extensa lista de amigas e amigos. Na dúvida, recorro ao e-mail, que retorna. Ligo para o número que encontro na agenda de telefones, o número já não existe. Visito, no Facebook, o perfil de quem procuro: além de não encontrar o endereço desejado, descubro que nossa "amizade" foi suspensa.
Por quê? O amigo aqui ao lado, sempre metido a conhecedor da alma, sentencia: “- É uma questão de ruído. Você foi desplugado!”
Sim, admito, as relações humanas são suscetíveis a desencontros, muitas vezes por uma palavra pronunciada fora do contexto, por um gesto mal compreendido. Como se uma amizade aparentemente sólida, edificada há anos, ou uma relação de afeto intensa, ainda que recente, estejam sempre no limiar entre a continuidade e a ruptura.
O amigo, catando reminiscências, lembra a clássica atitude de antigamente (conheci bem isso na minha adolescência), findo um namoro: "devolva minhas cartas e meus retratos". Pois se escreviam cartas de amor, necessariamente ridículas e ridiculamente imprescindíveis, como no poema de Fernando Pessoa, e se ofertavam fotos com a indefectível dedicatória "como prova do meu amor"... No desenlace, eram restituídos de parte a parte a correspondência e as fotos cuidadosamente guardadas, e a eventual "aliança de compromisso".
Agora o WathSapp, o Facebook e mesmo o velho e-mail ensejam a correspondência em tempo real, além de intermináveis conversas ao celular, entre um encontro e outro. Tudo tão rápido e tão intenso que quando a amizade desmorona parece um tsunami interativo: interrompem-se bruscamente os canais de comunicação.
É que nas relações amorosas ou simplesmente nas amizades, o fato inelutável e definitivo é que a sensação de ter sido deletado - reconheço - é muito desagradável. Fica o sentimento de perda, a sensação de que algo terá acontecido sem que você tenha sequer percebido, ou pura e simplesmente que você perdeu o afeto e a consideração de quem lhe deletou.
Resta, então, aguardar que a roda do tempo lhe dê nova oportunidade de reatar o contato perdido e – no melhor espírito do réveillon - organizar uma boa festa de confraternização - para afogar as mágoas – e conclamar deletados e deletadas do mundo: “Unamo-nos para darmos a volta por cima!”
Amizades antigas, novas amizades. Diálogos esporádicos ou frequentes, ricos em cumplicidade. Até o dia em que descubro que fui deletado.
Como assim? Neste fim de ano, o cuidado em enviar ao endereço certo uma mensagem plena de poesia, afeto e esperança, renovando amor e luta, me leva a conferir extensa lista de amigas e amigos. Na dúvida, recorro ao e-mail, que retorna. Ligo para o número que encontro na agenda de telefones, o número já não existe. Visito, no Facebook, o perfil de quem procuro: além de não encontrar o endereço desejado, descubro que nossa "amizade" foi suspensa.
Por quê? O amigo aqui ao lado, sempre metido a conhecedor da alma, sentencia: “- É uma questão de ruído. Você foi desplugado!”
Sim, admito, as relações humanas são suscetíveis a desencontros, muitas vezes por uma palavra pronunciada fora do contexto, por um gesto mal compreendido. Como se uma amizade aparentemente sólida, edificada há anos, ou uma relação de afeto intensa, ainda que recente, estejam sempre no limiar entre a continuidade e a ruptura.
O amigo, catando reminiscências, lembra a clássica atitude de antigamente (conheci bem isso na minha adolescência), findo um namoro: "devolva minhas cartas e meus retratos". Pois se escreviam cartas de amor, necessariamente ridículas e ridiculamente imprescindíveis, como no poema de Fernando Pessoa, e se ofertavam fotos com a indefectível dedicatória "como prova do meu amor"... No desenlace, eram restituídos de parte a parte a correspondência e as fotos cuidadosamente guardadas, e a eventual "aliança de compromisso".
Agora o WathSapp, o Facebook e mesmo o velho e-mail ensejam a correspondência em tempo real, além de intermináveis conversas ao celular, entre um encontro e outro. Tudo tão rápido e tão intenso que quando a amizade desmorona parece um tsunami interativo: interrompem-se bruscamente os canais de comunicação.
É que nas relações amorosas ou simplesmente nas amizades, o fato inelutável e definitivo é que a sensação de ter sido deletado - reconheço - é muito desagradável. Fica o sentimento de perda, a sensação de que algo terá acontecido sem que você tenha sequer percebido, ou pura e simplesmente que você perdeu o afeto e a consideração de quem lhe deletou.
Resta, então, aguardar que a roda do tempo lhe dê nova oportunidade de reatar o contato perdido e – no melhor espírito do réveillon - organizar uma boa festa de confraternização - para afogar as mágoas – e conclamar deletados e deletadas do mundo: “Unamo-nos para darmos a volta por cima!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário