Dilma: O modelo do quanto pior melhor de 2015 se esgotou"
Durante café da manhã com
jornalistas, nesta quinta-feira (7), a presidenta Dilma Rousseff reafirmou que
o compromisso do governo é buscar reequilíbrio fiscal para conter a inflação.
Ela disse que vai perseguir com “unhas e dentes” a retomada do desenvolvimento.
Segundo
ela, daqui para a frente as decisões do Congresso Nacional deixarão claro quem
é a favor ou contra o Brasil. “2015 não vai se repetir. O modelo do quanto pior
melhor se esgotou porque o pior atinge todo mundo de forma muito profunda. O
melhor é retomar o crescimento, o emprego e não negar sistematicamente que o
governo entregou mais de 400 mil casas em 2015, apesar de todas as dificuldades
e contratamos outras 320 mil. Não é possível continuar negando que temos 906
mil estudantes que entraram na universidades porque temos o programa de
universidades federais, Prouni, Fies”, disse.
Sobre
as medidas econômicas, a presidenta destacou que o reequilíbrio fiscal é
fundamental para a redução da inflação. "Nosso objetivo é reduzi-la. Nosso
objetivo é que ela volte o mais possível para o centro da meta. É preciso
buscar o reequilíbrio fiscal para perseguir o superávit de 0,5%”, enfatizou a
presidenta. E acrescentou: “Estabilidade com crescimento são fundamentais:
um para garantir a estabilidade fiscal e o combate a inflação, e o outro para
realimentar isso de forma sustentável para que a gente possa, de fato, superar
esse processo”.
A
presidenta disse ainda que o Banco Central aponta um horizonte de 2017 em
relação ao centro da meta, que é de 4,5%, mas ela avalia como possível atingir
a “banda de cima”, que é de 6,5%, neste ano.
De
acordo com Dilma, 2016 “será melhor que 2015”, porque existem “todas as
condições” para a redução da inflação e o “mercado também avalia nessa
direção”. A presidente acredita que “os fatores que levaram ao aumento dos
preços estão em declínio”.
“A
curto prazo temos, nos próximos três meses, ações que vamos perseguir. Temos,
por exemplo, que aprovar as medidas provisórias tributárias que estão no
Congresso, como a medida sobre juros de capital próprio e sobre ganhos de
capital, além da aprovação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) e da
CPMF. Também temos que maturar vários projetos que foram construídos ao longo
do ano passado e que vão desaguar em concessão de aeroportos, portos, ferrovias
e energia elétrica”, pontuou a presidenta.
Reforçando
a questão da CPMF, Dilma declarou: "É visível que estados e municípios
precisam deste recurso. Asseguro que uma parte resolve. A CPMF não é só para o
reequilíbrio fiscal, mas uma questão de saúde pública". Dilma também
destacou o empenho do governo na abertura de novas relações comerciais com
outros países e citou os acordos assinados com o México, Colômbia e Argentina e
Estados Unidos.
Coelho
e a cartola - Dilma seguiu o
comentário feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Vagner, e disse que
o governo “não tem um coelho na cartola na economia.
"Acho
que não tem um coelho numa cartola, porque a instabilidade macroeconômica tem a
ver com duas grandes ações: estabilidade macroeconômica e a arrecadação, que
sofreu profundamente com o fato de queda do superciclo das commodities. Tudo
isso, de forma acentuada, provocou a queda de receita", disse.
Dilma
também comentou sobre os vazamentos de investigações policiais, como a Operação
Lava Jato. Para ela, não se pode ter ter "dois pesos e duas medidas para
ninguém no Brasil".
"Tenho muito medo da espetacularização e vazamentos porque os vazamentos não se dão num quadro de responsabilidade de apuração. Quando se derem nesse quadro, é importante ser difundido para a população. Mas não é possível ter dois pesos e duas medidas para ninguém no Brasil", disse
"Tenho muito medo da espetacularização e vazamentos porque os vazamentos não se dão num quadro de responsabilidade de apuração. Quando se derem nesse quadro, é importante ser difundido para a população. Mas não é possível ter dois pesos e duas medidas para ninguém no Brasil", disse
E, num
claro recado a oposição golpista, afirmou: "Tenho clareza que devo ter
sido virada ao avesso e tenho clareza também, até porque entendo de mim mesma,
que podem continuar me virando do avesso. Sobre minha conduta não paira nenhum
embaçamento, nenhuma questão pouco clara".
Previdência - Outro ponto considerado crucial para a presidenta
foram as grandes reformas. "Temos que encarar a reforma da Previdência,
considerando que tem a ver com a modificação da idade da população. Estamos
envelhecendo mais e a nossa expectativa de vida aumentou 4,6 anos. Isso implica
que é difícil equacionar o problema", afirmou Dilma.
E
completou: "Não se pode achar que se afeta os direitos adquiridos. As
coisas afetam daqui pra frente. Há outro problema que teremos que encarar com
muita seriedade e tranquilidade que é o tempo de transição. Ninguém faz uma
reforma dessas sem considerar período de transição levando em conta os direitos
adquiridos e a expectativa de direitos daqueles que já estão no mercado de
trabalho".
Ela
destacou que o governo pretende abrir esse debate por meio do Fórum de Trabalho
e Previdência, que é um órgão que reúne trabalhadores, empresários, governo e
Congresso.
“A
base para que uma reforma da previdência seja sustentável no Brasil é o
diálogo. É escutar os diferentes seguimentos, tendo clareza que a solução não
pode passar para se esconder dele, mas enfrentar e escolher o caminho mais
adequado para que todos tenham um consenso básico sobre essa questão”,
defendeu.
Carga
tributária - Dilma também rebateu a
tese encabeçada pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), de que a
carga tributária tem aumentado no Brasil. Salientou que no período em que a
economia estava aquecida, o governo deixou de arrecadar cerca de R$ 26 bilhões
por conta ds desonerações.
“Num
momento de pleno emprego se justificava perfeitamente. No momento em que a
nossa economia a mostrar sinais de que está perdendo força, nós tínhamos que
reverter essa situação. O que fizemos? Reduzimos a desoneração. Não acabamos
integralmente, apenas reduzimos o montante. Se antes perdíamos R$ 25 bilhões,
passamos a perder R$ 12 bilhões”, explicou.
Segundo
ela, a carga tributária do Brasil não vem crescendo, pelo contrário, se
consideramos a carga tributária total temos 33,4%. Se considerar somente os
impostos federais, esse índice é de 22%.
“Se
tirar desses 22%, o imposto que não é stricto senso, como Previdência, Sistema
S e FGTS, teremos um valor equivalente ao que existia em 2002”, enfatizou
Dilma, destacando ainda houve aumento na formalização do trabalho, que elevou a
arrecadação.
Recomposição
da base - Questionada sobre as
cobranças feitas pelos partidos da base aliada , principalmente o PT, com
relação aos rumos da economia, Dilma afirmou: "Eu não acho que
estamos num país que será integrado por pessoas que pensam de tudo igualzinho.
Pelo contrário, acho que a complexidade da nossa democracia está no fato da
gente ser capaz de construir os consensos. Acho bom que o PT defenda as suas
posições, mas o governo não responde só ao PT, só ao PMDB, só a qualquer um dos
partidos da base aliada. Responde a todos e também a toda a sociedade e as suas
necessidades".
Após o
café, ela seguiu para Porto Alegre para visitar a filha, Paula, e o neto
Guilherme, que nasceu nesta quinta. O bebê é o segundo neto da presidente. (Do Portal Vermelho, Dayane Santos)
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