Pesquisas eleitorais, amor e ódio
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
O falecido vereador Liberato Costa Junior costumava desafiar quem em algum momento da vida havia presenciado o enterro de um anão ou sido abordado por um pesquisador do Ibope.
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
O falecido vereador Liberato Costa Junior costumava desafiar quem em algum momento da vida havia presenciado o enterro de um anão ou sido abordado por um pesquisador do Ibope.
Em geral a resposta era negativa,
ao que o velho Liba concluía:
- Pesquisa eleitoral acredito apenas na que faço,
andando pela cidade!
Mas não cabe alimentar descrédito em
relação aos institutos de pesquisa.
O fato é que as pesquisas cumprem
um papel relevante no evolver das batalhas eleitorais. E provocam emoções
variadas.
Embora seja quase unânime a
percepção de que nas últimas décadas a metodologia empregada pelos diversos
institutos tenha se aperfeiçoado, e assim as convertem em instrumento realmente
útil, o seu uso nem sempre se faz de modo racional.
Frequentemente há duas análises
dos dados de pesquisas: uma para consumo interno dos comandos das campanhas, a
outra para divulgação ampla.
Ora convergem entre si, ora são
díspares – quando os números são negativos para quem os avalia.
A comemoração antecipada de
índices vantajosos é sempre um risco, pois revelam apenas tendências
influenciadas fortemente pelo momento da luta.
Quando se dá uma reversão,
administrar a tendência à queda não é fácil, quando não impossível.
Agora que a campanha começa,
diversos institutos divulgam os números de suas sondagens. Aos analistas, cabe
avaliar cada uma conforme a metodologia usada, a data em que os questionários foram
aplicados, a natureza das perguntas formuladas.
Ao leigo, que apenas se informa
pelo noticiário, não é fácil entender com clareza o que se passa. A mídia não
faz a análise criteriosa e fria, toma partido e acentua este ou aquele detalhe
em favor dos seus candidatos preferidos.
Hoje cedo ouvi no rádio
conjecturas sobre a última pesquisa Ibope para a presidência da República em
que, de modo tendencioso e evidentemente partidarizado, comentaristas
examinavam os índices de intenção de voto em Lula e, na hipótese da negação
judicial de sua candidatura, ao seu substituo, Haddad.
A conclusão apressada era de que
Lula não conseguiria transferir as intenções de voto em percentuais elevados.
Isto ainda muito antes mesmo da
repercussão do hipotético impedimento do ex-presidente junto ao eleitorado e da
divulgação mais ampla do nome do seu substituto.
Tal como os dirigentes partidários
e estrategistas de campanha, analistas midiáticos sabem muito bem que as
tendências reveladas nas pesquisas são sujeitas a fatos marcantes durante a
peleja e qualquer afirmação assim tão categórica corre sério risco de morte súbita.
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