O
ministro e a ridícula partidarização das escolas
Luciano Siqueira
O que critica nos adversários – seja a
crítica procedente ou não -, o governo Bolsonaro faz.
E alguns dos seus ministros se esmeram
ao agir à imagem e semelhança do chefe. Quanto mais trapalhadas, melhor –
parece ser a consigna que adotam.
A última do ministro da Educação,
Ricardo Vélez Rodríguez, ultrapassa todos os limites do ridículo, além do
marcante traço fascista.
Em documento oficial enviado às escolas
de todo o país, solicita que alunos, professores e funcionários sejam colocados
em fila para cantar o hino nacional em frente à bandeira do Brasil.
Esse gesto coletivo de exaltação à Pátria
(sic) deve ser filmado e enviado ao governo federal, como prova de disciplina
na observância da “norma”.
Mais: no dito documento, o final
retumbante:” Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, justamente o slogan
de campanha do presidente Jair Bolsonaro.
No texto, digno de um governo tipo
Odorico Paraguaçu, a justificativa: “Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e
celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa
escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova
geração.”
É o que se pode chamar de
partidarização das escolas, sem tirar nem botar. Ato de um governo, e de um
ministro, que dizem combater o que chamam de escola partidarizada, ou seja, onde
se debatem livremente temas da vida e da realidade brasileira.
Hoje ainda, no transcorrer do dia,
diante da repercussão negativa da iniciativa, o apalermado ministro voltou
atrás, reconheceu o erro (será?) e revogou a medida.
Antes, entretanto, sua colega Damares
Alves, da pasta da Família, Mulher e Direitos Humanos, em solidariedade ao ministro
Rodriguez, saiu-se com essa pérola: “É para mostrar aos pais que as leis estão
sendo cumpridas... os pais ficam na porta filmando e achando muito bonito...”.
Para um governo cujo chefe, antes mesmo
da posse, perguntado sobre a ideia de transferir a embaixada do Brasil em
Israel de Tela vive para Jerusalém e a reação negativa dos países árabes
importadores de produtos brasileiros, sapecou: “Isso é frescura”, as baboseiras
dos seus ministros estão dentro do figurino.
Não fosse tão trágico, seria mesmo
divertido – sobretudo às vésperas do carnaval – acompanhar os passo do governo Bolsonaro.
Grave é que, ao lado desse verdadeiro
febeapá, seguem os esforços no sentido de cumprir a agenda ultra liberal danosa
para os interesses nacionais e restritivas dos direitos do povo.
Resistir é preciso.
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