Heraldo Pereira
Profissionais,
de todas as áreas, e todos nós precisamos evoluir
Falam
na pulverização das transmissões, em vários tipos de mídia. É o novo mundo, o
da internet
Tostão, na Folha de S. Paulo
As
principais partidas da Liga dos
Campeões da Europa têm sido transmitidas somente pelo Facebook.
Dizem
que, brevemente, será assim em vários campeonatos. Entendidos falam que haverá,
progressivamente, uma pulverização das
transmissões, em vários tipos de mídia. É o novo mundo, o da
internet, bom e ruim.
Como
meu celular só serve para fazer e receber ligações, assisti ao jogo entre
Atlético de Madri e Juventus na casa de meu filho. O time espanhol, que
transborda de emoção, ganhou, merecidamente, por 2 a 0. Dificilmente, mesmo com Cristiano
Ronaldo, o time italiano vai conseguir a classificação. O VAR foi
decisivo e justo, nessa partida e também na entre Schalke 04 e Manchester City.
É o novo mundo, o da tecnologia no futebol.
Qualquer
dia, vou receber uma mensagem de que meu celular não funciona mais, que deveria
doá-lo a um museu e que, se eu não aderir à tecnologia, serei expulso do mundo.
O
futebol brasileiro precisa evoluir, dentro e fora de campo. Até a CBF já
percebeu isso, ao propor a limitação da troca de apenas um técnico por clube
durante o Brasileiro e também a
presença do VAR, pago por ela. São bem-vindas.
No
Brasil, há muita gente trabalhando no futebol, fora da realidade e/ou na
mentira. Clubes, dirigentes e marqueteiros contratam jogadores medianos como se
fossem bons e bons como se fossem craques. O torcedor, consumidor, é enganado.
Ele cria uma expectativa imensa e se decepciona nas primeiras derrotas.
As
avaliações dos jogadores, das equipes e dos treinadores passam, rapidamente, da
euforia à depressão.
Os
técnicos, em vez de se lambuzarem com enormes salários, deveriam lutar por
vencimentos menores e por mais estabilidade. A supervalorização dos treinadores
é uma das razões de tantas trocas, pois, nas derrotas, há sempre a ilusão de
que faltou o dedo do técnico, uma mágica ação.
A
imprensa precisa também evoluir. Nos programas esportivos, são cada vez mais
frequentes as enquetes e as comparações sobre tudo, para saber quem foi
melhor.
Algumas
preferências dos telespectadores e dos jornalistas são esdrúxulas, explicadas
somente pelo clubismo, pelo bairrismo, pelo ufanismo e pelo aumento da
audiência. São poucas as discussões aprofundadas e as matérias investigativas.
Quando
critico, não pense que me acho o sabichão. Sou um esforçado colunista, metido a
entender de futebol. Sou mais crítico com o que escrevo do que com o que os
outros fazem. Antes de ser um colunista, sou um leitor, telespectador, que quer
também dar minha opinião e minhas preferências.
Não
perco e aprendo com alguns programas esportivos, como o Redação SporTV,
comandado por Marcelo Barreto, e o Linha de Passe, da ESPN Brasil. Gosto também
das amplas e contundentes análises, que vão além do jogo, de Juca Kfouri, Mauro
Cézar Pereira, PVC, Antero Greco e Carlos Eduardo Mansur, com os comentários
técnicos e táticos do jovem Rafael Oliveira e do professor Calçade e com as
transmissões ao vivo dos narradores Milton Leite e Cléber Machado.
Profissionais,
de todas as áreas, e todos nós precisamos evoluir. Os seres humanos,
tolerantes, justos, extremamente inteligentes, independentes nas análises e
condutas, pragmáticos e, ao mesmo tempo, sonhadores, com bom senso, parecem
caminhar para a extinção. Serão substituídos por robôs, pela inteligência
artificial? É uma esperança.
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