Cabe algo entre supostos extremos?
Luciano Siqueira
Duas
correntes se esforçam para monopolizar a disputa política no país, em jogo
calculado, como cabo de guerra entre dois extremos: “bolsonarismo“ versus
“petismo“.
Uma espécie
de reprodução, em escala nacional, de uma equação muito comum no âmbito da
maioria dos municípios. Entre os cordões azul e encarnado não cabe espaço para
nenhum outro matiz.
Ocorre,
entretanto, que o Brasil é muito maior e mais complexo do que as arenas locais.
E a peleja se dá não apenas em torno do próximo pleito presidencial, há
conflitos imediatos na esfera dos três Poderes da República que põem em causa
questões de natureza estratégica.
A direita no
poder se empenha em desmontar o Estado nacional, fere os fundamentos da
democracia e atinge em cheio direitos sociais que dizem respeito às condições
de existência do nosso povo.
Mesmo sob
correlação de forças francamente adversa, sobretudo no parlamento, chamado a
aprovar a agenda econômica ultraliberal do governo, é possível explorar
contradições e conquistar vitórias parciais. Desde que nossas forças atuem em
conjunto.
Em outras
palavras, a resistência é hoje e não obedece rigorosamente ao calendário
eleitoral.
E no debate
em torno de alternativas para livrar o país da crise nem os que governam, nem
os que tentam artificialmente monopolizar a oposição, detêm todo o repertório
de propostas.
Urge
formular um novo projeto de nação, atualizado, apto a arrostar dificuldades
estruturais que travam a economia do país e servem de pano de fundo ao
retrocesso civilizacional a que estamos submetidos.
À extrema
direita pode até servir essa estratégia eleitoral de “polarização
monopolizada”. Mas à oposição seguramente não serve, reduz a resistência ao
limitado campo de manobras eleitorais mirando desde agora 2022.
O ato do dia
2 de setembro, em Paulo, que lançou o manifesto Direito já — Forum pela
Democracia, aponta o correto caminho da pluralidade e da amplitude. Os que
preferiram não participar e se mantém equidistantes enfraquecem a luta comum.
[Ilustração: LS]
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