Ao agredir jornalista, Bolsonaro
agride a todas as mulheres
A defesa da democracia pressupõe respostas contundentes a cada
agressão bolsonarista.
Portal Vermelho
A agressão do presidente da República Jair
Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, é um fato da maior gravidade. Sua atitude obscena, indigna
para qualquer pessoa, se agrava pelo cargo que exerce. Ao agredir a
jornalista, Bolsonaro atinge,
de maneira desprezível, o povo brasileiro, em especial as mulheres.
Esse ato insano poderia ser punido
pelo que estabelece o Artigo 85 da Constituição, que tipifica os crimes de
responsabilidade do presidente da República. O inciso III define como criminoso
o atentado ao exercício dos direitos políticos, individuais e sociais.
Pelo
que está inscrito nas leis do país, Bolsonaro atentou contra a dignidade, a
honra e o decoro do cargo, ao ofender a reputação e a imagem da jornalista,
além de tentar cercear o seu direito profissional – mais um ataque à liberdade de imprensa e de expressão.
O presidente cometeu um festival de
ilegalidades, mas a questão vai além. Ao se referir a Patrícia Campos Mello
dessa forma vulgar, ele agride todas as mulheres. A dura caminhada para banir
comportamentos machistas e misóginos sofre um tremendo revés com atitudes como
essa.
Bolsonaro desrespeitou a emancipação
da mulher, uma ideia civilizatória. E ao proceder assim, deu mais uma enorme
contribuição para incentivar comportamentos de violência e agressão de todo
tipo às mulheres. Não teve a menor consideração pelos avanços na direção de uma
sociedade em que o respeito a todas e a todos seja a regra básica.
Há
ainda o fato de que o presidente sempre incorre nesse tipo de atitude torpe. Se
houvesse nele algum traço de civilização, poderia ter compreendido que
agressões como essa não podem ser toleradas, em nenhuma hipótese. Ele deveria
dar o exemplo e, ao invés de incentivar, combater com determinação o que tem
praticado.
Essa atitude não pode deixar de ser
rechaçada com veemência. A opressão da mulher precisa ser combatida
diuturnamente, de todas as formas. A conscientização, a explicação dos motivos
que fazem dessa condição algo inaceitável e o estabelecimento de regras que
assegurem os direitos da mulher são fundamentais. Mas também é fundamental não
aceitar atitudes criminosas como essa.
A defesa da democracia pressupõe respostas
contundentes a cada
agressão bolsonarista. Defender a Constituição e os demais instrumentos que
asseguram a convivência civilizada é fundamental. Mas a sua consecução implica
entender que isso é a ideologia da extrema direita. É a ideologia do ódio e da
violência. Atitudes como essa do presidente fazem parte da sua visão de mundo,
do seu comportamento cotidiano. É preciso contê-la.
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