Times com
três zagueiros podem ser mais ou menos ofensivos
Tostão, Folha de S. Paulo
No meio de semana, duas situações de jogos de futebol foram
marcantes, no Brasil e no exterior. Uma é que várias equipes atuaram com três
zagueiros, o que não é o mais frequente. Outra, os ótimos resultados das
equipes que atuaram em casa, mesmo as inferiores, o que é bastante comum.
Quando o Inter contratou o técnico Coudet, e ele indicou Musto,
todos diziam que o atleta era um excelente volante e que Coudet gostava de um
futebol ofensivo, de pressão e de chegar ao gol com muitos jogadores. Musto
atuou todas as partidas no Inter de zagueiro, embora muitos ainda insistam em
dizer que ele jogou como volante mais recuado, e o Inter, nas últimas partidas,
principalmente contra o Tolima, foi uma equipe pouco ofensiva, que chegou ao
ataque com poucos jogadores.
Com os três zagueiros, os laterais devem ser orientados para
avançar, mas os dois do Inter não possuem talento para isso. Como os três do
meio-campo marcam mais que atacam, Guerrero fica isolado, e o time agride pouco
o adversário. Inter e Tolima fizeram uma péssima partida. Foi um jogo duro de
ver, pois não aconteceu nada dos dois lados. Tinha mesmo de terminar 0 a 0.
O PSG também atuou com três zagueiros (o
que não acontecia) na derrota, fora de casa, para o Borussia Dortmund, por 2 a
1. O treinador Thomas Tuchel, com a intenção de reforçar a defesa, trocou o
centroavante Icardi por um terceiro zagueiro. O time foi mal na defesa e no
ataque. Os três zagueiros marcavam um único atacante, enquanto, no meio-campo,
os dois jogadores do PSG eram vencidos facilmente pelos quatro do time alemão.
O jovem atacante
norueguês Haaland, de 19 anos, sensação na Europa, com dez gols na
Liga dos Campeões (oito pelo Salzburg e dois pelo Borussia, contra o PSG),
lembra-me muito de Adriano, pela altura, força física, habilidade e um petardo
certeiro, com o pé esquerdo.
Os times que jogam com três zagueiros podem ser mais ofensivos
ou mais defensivos. O Borussia, com três zagueiros, marcava com nove e atacava
com sete. Guardiola, desde a época do Barcelona, quando quer ser mais
agressivo, costuma colocar três zagueiros e os outros sete no campo do
adversário.
O Atlético-MG, na vitória por 2 a 0 sobre o Unión, na
Sul-Americana, também jogou com três zagueiros, pela primeira vez, com o
técnico Dudamel. O mesmo ocorreu neste sábado com Chelsea e Tottenham.
Por que os times, no Brasil e em todo o mundo, costumam se
agigantar quando atuam em casa e se apequenar quando são visitantes, como
ocorreu, mais uma vez, nesta semana? Há várias explicações, algumas óbvias, como
a pressão da torcida, que inflama os jogadores da casa e inibe os de fora, além
do tipo do gramado e, principalmente, a postura dos visitantes de achar que
empate fora de casa é bom, mesmo quando é superior.
Certamente, há outras explicações psicológicas, o que mereceria
estudos mais aprofundados da ciência esportiva.
Quando eu jogava, havia um atacante que sempre levava um ursinho
de pelúcia nas viagens. Comportava-se como uma criança muito pequena, pois
praticamente todas se agarram a um objeto de estimação, que ajuda na transição
do mundo da fantasia, em que a criança se sente parte dos pais, para o mundo
real, o da separação dos egos.
As crianças crescem, se tornam adultas e trocam o objeto
transicional por outros símbolos, desejos, representações. O Carnaval, para
muitos, é o retorno ao mundo da fantasia, do sonho, pra tudo se acabar na
quarta-feira.
[Ilustração: LS]
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