Resiliente, mas a caminho da derrota
Luciano Siqueira
Leio agora que em pesquisa do Instituto PoderData a desaprovação ao governo vai a 59%
contra 26% de aprovação.
Mas a proporção dos que seguem fiéis a
Bolsonaro se mantém estável, em torno de 1/3 do eleitorado.
Números que no fundamental não
diferem de outras sondagens que têm sido divulgadas.
Com um detalhe: a resiliência
persistente de um presidente por todos os títulos indignos da confiança da
população.
Se as eleições acontecessem
agora ele teria chances de passar a um segundo turno.
Isso a despeito da sua criminosa
conduta face a pandemia e da deterioração das possibilidades de alguma
recuperação das atividades econômicas, que permitam amainar o desastre social.
Certamente ainda estão
presentes, em maior ou menor grau, o conjunto das variáveis que compõem a onda
conservadora que varre parte do mundo e que chegou forte ao Brasil associada à poderosa
campanha midiática de descrédito da política e dos partidos e da tentativa de
desconstrução de lideranças como Lula e de agremiações de esquerda.
Os mecanismos pelos quais a
informação chega ao cidadão comum e influencia a sua tomada de consciência política
se sofisticam a cada instante – sob monopólio dos grandes grupos econômicos ou
a serviço deles.
Mais confundem do que
informam.
E se é verdade que a oposição
se diversifica e se amplia, chegando até a contar com o reforço indireto de graúdos
donos do capital financeiro que subscreveram a carta aberta exigindo mudança de
comportamento do governo, há cerca de vinte dias, é verdade também que a
dispersão ainda dificulta a oferta de uma alternativa visível à população insatisfeita.
E de comunicação mais ágil,
capaz de sensibilizar quem se informa e se orienta pelo que vê na tela do
smartphone.
Vivemos, então, um instante em
que cada vez mais é necessário “ir mais abaixo e mais a fundo”, ligar-se às
amplas do povo (pelos meios possíveis em tempo de pandemia) e disputar a
narrativa sobre o que se passa no país.
Esclarecer e impulsionar a resistência.
Persistir na perspectiva de
que vale o adágio: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.
E como diz o governador do
Maranhão, Flávio Dino, podemos derrotar Bolsonaro, sim, a não ser que erremos
muito...
.
Veja: Jovem aos 99 anos: destaque em nossa história política https://bit.ly/3wfzW8u
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