Metade dos eleitores que podem
mudar de voto rejeita Bolsonaro
Impopularidade do presidente
cria barreira para onda de migração de apoio nesse grupo
Bruno
Boghossian, Folha de S. Paulo
Qualquer mudança nos ponteiros da corrida presidencial antes do
primeiro turno depende do comportamento de um grupo formado por um de cada
cinco eleitores. São aqueles que têm candidato ou declaram voto nulo, mas dizem que podem rever a escolha nas próximas semanas.
A conexão de muitos desses eleitores com o voto é relativamente
frágil: 45% deles não conseguem apontar um candidato de forma espontânea, antes
de ver uma cartela com as opções. Entre aqueles que se dizem totalmente
decididos, 95% já têm um nome na ponta da língua.
As campanhas tentam mover o primeiro grupo, mas o espaço para
grandes variações parece limitado. Os números são particularmente complicados
para quem espera uma onda de migração de votos a favor de Jair Bolsonaro na
reta final.
A impopularidade do presidente cria uma barreira considerável a
esse potencial fluxo de votos. Entre os eleitores que se dizem propensos a
mudar de candidato, 48% rejeitam Bolsonaro, segundo um novo recorte produzido
pela equipe do Datafolha.
Esse dado restringe de maneira significativa um mercado de votos que já
é estreito, numa disputa marcada por um alto índice de decisão do eleitor. Para
comparação, só rejeitam Lula 33% dos entrevistados dispostos a mudar de ideia.
Ciro Gomes só tem a oposição de 17% nesse mesmo segmento.
Esse rol de eleitores concentra um percentual alto de
brasileiros que dizem ter votado em Bolsonaro na última eleição: 56%.
Mas só 17% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom.
Metade dos eleitores que podem mudar de voto dizem que o
desempenho de Bolsonaro no poder é regular —o que deixa para a equipe da
reeleição uma brecha para buscar votos pela rejeição ao PT.
Lula é quem tem mais a perder caso todos esses eleitores mudem
de ideia. De cada dez votos desse grupo, três estão com o petista, dois com
Bolsonaro, dois com Ciro e um com Simone Tebet. O restante se divide entre
outros nomes e o voto nulo.
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também: Bolsonaro e o baile da Ilha Fiscal https://bit.ly/3eqD64I
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