17 setembro 2022

Beco estreito

Metade dos eleitores que podem mudar de voto rejeita Bolsonaro

Impopularidade do presidente cria barreira para onda de migração de apoio nesse grupo
Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

 

Qualquer mudança nos ponteiros da corrida presidencial antes do primeiro turno depende do comportamento de um grupo formado por um de cada cinco eleitores. São aqueles que têm candidato ou declaram voto nulo, mas dizem que podem rever a escolha nas próximas semanas.

A conexão de muitos desses eleitores com o voto é relativamente frágil: 45% deles não conseguem apontar um candidato de forma espontânea, antes de ver uma cartela com as opções. Entre aqueles que se dizem totalmente decididos, 95% já têm um nome na ponta da língua.

As campanhas tentam mover o primeiro grupo, mas o espaço para grandes variações parece limitado. Os números são particularmente complicados para quem espera uma onda de migração de votos a favor de Jair Bolsonaro na reta final.

A impopularidade do presidente cria uma barreira considerável a esse potencial fluxo de votos. Entre os eleitores que se dizem propensos a mudar de candidato, 48% rejeitam Bolsonaro, segundo um novo recorte produzido pela equipe do Datafolha.

Esse dado restringe de maneira significativa um mercado de votos que já é estreito, numa disputa marcada por um alto índice de decisão do eleitor. Para comparação, só rejeitam Lula 33% dos entrevistados dispostos a mudar de ideia. Ciro Gomes só tem a oposição de 17% nesse mesmo segmento.

Esse rol de eleitores concentra um percentual alto de brasileiros que dizem ter votado em Bolsonaro na última eleição: 56%. Mas só 17% dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom.

Metade dos eleitores que podem mudar de voto dizem que o desempenho de Bolsonaro no poder é regular —o que deixa para a equipe da reeleição uma brecha para buscar votos pela rejeição ao PT.

Lula é quem tem mais a perder caso todos esses eleitores mudem de ideia. De cada dez votos desse grupo, três estão com o petista, dois com Bolsonaro, dois com Ciro e um com Simone Tebet. O restante se divide entre outros nomes e o voto nulo.

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