A urgência faz a hora: é preciso
estancar a destruição nacional
Brasil não pode continuar a
ser degradado pela sanha autoritária de Jair Bolsonaro
Margarida
Genevois
Presidente
de honra da Comissão Arns
José
Carlos Dias
Presidente
da Comissão Arns e ex-ministro da Justiça (1999-2000, governo FHC)
Desde
a sua fundação em 2019, a Comissão de Defesa dos
Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns,
composta por pessoas de diferentes coloraturas políticas, tem atuado de forma
apartidária, mantendo-se longe das disputas eleitorais. No entanto, dada a gravidade do
momento, hoje ela vem a público pedir um gesto firme da cidadania: não votar no
candidato Jair Bolsonaro (PL).
Esta
tomada de posição não é simples, porém, a urgência faz a hora: 156 milhões de
eleitores brasileiros estão prestes a se manifestar sobre os destinos da nação
da qual são parte, na qual acreditam e onde existe um futuro a ser construído
para o bem de todos. Portanto, é chegada a hora dizer um sonoro "sim"
à democracia e um definitivo "não" a qualquer desvio autoritário.
Leia também: Duas táticas na
reta final e a ameaça de golpe https://bit.ly/3LyctaB
Não
se trata aqui de jogar com palavras fortes, porque a realidade as tem superado
desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Os anais
legislativos guardam o registro do parlamentar medíocre e controvertido que ele
foi, anos a fio. No entanto, desde que vestiu a faixa presidencial, em janeiro
de 2019, este senhor iniciou um novo capítulo em sua biografia, ocupando-se da
implantação de um projeto de poder personalista, autoritário, com
efeitos deletérios para o país. Projeto iniciado com ataques aos indígenas já
no primeiro dia de governo, franca declaração de intenções de que direitos
fundamentais seriam pisoteados.
A
partir de então, multiplicaram-se casos de assédio raivoso contra as mulheres,
os quilombolas, as pessoas LGBTQIA+, assim como aos jornalistas, cientistas,
intelectuais e artistas, achincalhados no exercício de sua profissão. O país,
enfermo e com fome, assistiu
ao negacionismo do governante-promotor de cloroquina, cujo legado é o triste
recorde de quase 690 mil óbitos na
pandemia da Covid-19. Assistiu às suas manobras para colocar
cabresto na Polícia Federal, na Procuradoria-Geral da República, no Coaf, no
Tribunal de Contas da União, dando blindagem a si e a seus familiares.
Assistiu à pressão feita sobre ministérios, não
para alinhá-los a um projeto nacional, mas para submetê-los a interesses de
grupos e quadrilhas que promovem a degradação ambiental e o desvio de recursos
de áreas essenciais, fora a derrama bilionária para comprar apoio político,
conhecida como orçamento
secreto. Fomos testemunhas do desprezo com que o presidente,
ignorante sobre o Brasil e o mundo, tratou e ainda trata a diplomacia
brasileira, outrora tão respeitada, transformando Brasil em pária internacional.
Leia também: Venceremos o medo, sim! https://bit.ly/3DvBwsL
Vimos o ataque continuado às instituições.
Desde o desmantelamento dos conselhos de representação da sociedade civil até o
aparelhamento de órgãos fiscalizadores, como Ibama e Funai. Vimos a cooptação
de setores das Forças Armadas, desviados de suas funções de Estado para se pôr
a serviço dos anseios golpistas do presidente. Vimos o bufão repetindo o gesto
de "arminha" a cada dia, facilitando a
compra e o porte de armamento por civis, o que amplia o risco da violência praticada por
seus apoiadores extremistas. E, por fim, mas não menos importante, vimos as ameaças
gravíssimas e repetidas ao Supremo Tribunal Federal, banhadas em discurso de ódio e pregando a ameaça
maior - ruptura democrática.
Elementos não faltam para configurar a mais
crua realidade: o Brasil não pode continuar a ser degradado pela sanha
autoritária de Jair Bolsonaro, objeto de 160 pedidos de
impeachment bem guardados pelo presidente da Câmara. É preciso estancar o processo de destruição
nacional. Hora de sair de casa e ir às urnas
eletrônicas cravar o voto de cada uma e cada um, reafirmando o
direito de viver em um país onde haja justiça, tolerância, respeito,
oportunidades para todos, crescimento sustentável e paz. Hora de dizer não a
Bolsonaro.
Agora
“santinhos” fazem a diferença https://bit.ly/3SeQTdN
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