Datafolha: Máquina de Bolsonaro
ainda não entregou resultados no triângulo decisivo
Quadro
do embate entre presidente e Lula em SP, MG e RJ é parecido com resultado das
urnas no 1º turno
Bruno
Boghossian, Folha de S. Paulo
A máquina de Jair Bolsonaro (PL) deu fôlego ao presidente no
segundo turno, mas a nova pesquisa do Datafolha sugere que a campanha
ainda não conseguiu atingir a potência esperada no principal campo de batalha
da disputa.
Nos três estados considerados cruciais para o resultado da
eleição, os números mantêm o embate entre Bolsonaro e Lula (PT)
praticamente nas mesmas condições registradas no primeiro turno. Como o
presidente precisa do triângulo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro para virar o jogo, a
estabilidade tem sabor amargo.
Em São Paulo, Bolsonaro aparece com seis pontos de vantagem sobre Lula
(53% a 47% dos votos válidos). São bons milhões de votos para levar para casa,
mas o presidente já tinha esse resultado no primeiro turno, quando marcou sete
pontos a mais que o rival.
Um quadro parecido pode ser observado no Rio, onde
Bolsonaro tem 12 pontos de frente nos votos válidos (56% a 44%) ante 10 pontos
obtidos no primeiro turno.
Em Minas, o
presidente fechou o primeiro turno quatro pontos atrás de Lula, e agora aparece
na mesma situação (52% dos votos válidos para o petista, 48% para Bolsonaro,
configurando um empate na margem de erro).
As notícias não seriam ruins para Bolsonaro se não faltasse tão pouco tempo
para a votação e se a campanha do presidente não tivesse investido tão pesado
nesses estados –com uma agenda concentrada em suas principais cidades e o
patrocínio dos três governadores (Rodrigo Garcia, Cláudio Castro e Romeu Zema).
São Paulo, Minas e Rio são determinantes no mapa da
campanha de Bolsonaro para ajudar a desfazer a diferença de quase 13 milhões de
votos com que Lula saiu do Nordeste no primeiro turno. Derrotar Lula por uma
margem estreita no Sudeste não será suficiente.
A estabilidade nos três estados permite levantar
duas hipóteses: o eleitorado ainda demonstra uma hesitação em relação à
candidatura do presidente e pode tomar uma decisão nos próximos dias; ou a
campanha de Lula representa uma barreira que impede a campanha de Bolsonaro de
ir mais fundo nesses estados.
Os dados sobre a convicção dos eleitores deixam
alguma margem para a primeira interpretação. Em São Paulo, 9% dos entrevistados
dizem que podem mudar de voto até o domingo (30). No Rio, o índice é de 6%. Em
Minas, 7%.
A segunda possibilidade direciona o foco para o
eleitor de baixa renda. Depois de sofrer para conquistar o eleitor mais pobre,
Bolsonaro viu seus números piorarem nesse segmento do país.
A nova pesquisa mostra que, no grupo de
entrevistados com renda de até dois salários mínimos, o presidente foi de 38%
para 33% desde o início do segundo turno, enquanto Lula passou de 56% para 61%.
As maiores variações foram registradas na última
semana, quando a campanha petista voltou a direcionar suas atenções para a
economia. O comitê de Lula explorou, por exemplo, a proposta discutida dentro
do governo Bolsonaro de mudar a política de reajuste do salário mínimo –o que
pesa sobre eleitores da base da pirâmide.
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ameaças https://bit.ly/3DDAx9B
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