Como será a desdolarização na Cúpula dos Brics
Proposta da Rússia para criar um sistema de pagamentos em moedas locais conectando os Bancos Centrais
AEPET
Na próxima semana, de 22 a 24, ocorrerá em Kazan, Rússia, a 16ª Cúpula dos Brics, bloco que acelera rumo a uma nova ordem mundial. O presidente Lula já confirmou presença, assim como quase todos os chefes de Estado – exceção da Arábia Saudita, um membro novo e relutante do bloco. Um novo sistema de pagamentos em moedas locais, passo para a desdolarização, estará entre as principais discussões da Cúpula.
Na semana passada, durante a reunião de ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais do Brics, foi apresentada uma proposta para um novo sistema de pagamentos transfronteiriços, desenvolvido pela Rússia, que ocupa a presidência do bloco em 2024 – o Brasil assumirá o comando em 1º de janeiro de 2025. O formato proposto é de uma plataforma de pagamentos conectando os BCs.
O presidente do BC do Irã, Mohammad Reza Farzin, disse, em Teerã, que a proposta engloba o desenvolvimento de uma rede de bancos comerciais que podem conduzir transações bancárias em moedas locais, bem como estabelecer ligações diretas entre os bancos centrais. “O sistema de pagamento do Brics foi proposto com o objetivo de criar uma plataforma de liquidação para pagamentos transfronteiriços com base em Real Time Gross Settlement Systems (RTGS) e considerando os mecanismos Central Bank Digital Currency Tracker (CBDC)”, afirmou Farzin.
A ideia de conectar os BCs em uma plataforma teria ganhado tração por limitações ao Brics Contingency Reserve Arrangement – usado para defender o valor das moedas locais – que teria sido alvo de pressões do Tesouro dos EUA.
Será a primeira cúpula do BRICS com a participação dos cinco novos membros que ingressaram no bloco este ano: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia. Até o ano passado, o Brics era formado apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Foram convidados, pela presidência russa, cerca de 30 países e organizações internacionais.
Necessidade faz o cliente
As exportações de gás por gasoduto da Rússia para a Europa (UE + Moldávia) aumentaram 17% no período de janeiro a setembro deste de 2024 em relação aos mesmos 9 meses de 2023, alcançando 23,7 bilhões de metros cúbicos (bcm), de acordo com a Vedomosti. Oficialmente, a União Europeia impõe sanções contra importações de gás natural russo.
Também o gás natural liquefeito (GNL) supera as barreiras. Produtores russos exportaram, de janeiro a setembro de 2024, 24,36 milhões de toneladas métricas (mmt) de GNL, quase 5% a mais que no mesmo período de 2023, segundo o jornal Kommersant. Na Europa, os maiores aumentos beneficiaram França, Holanda e Espanha.
A maior parte dos volumes livres de GNL está sendo redirecionada para a Ásia, aproveitando que a navegação na Rota do Mar do Norte, anteriormente coberta de gelo, permanece aberta, aparentemente devido ao aquecimento global. Não somente para a China, mas também Japão e Coreia do Sul.
Leia sobre BRICS x dólar e FMI https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/10/brics.html
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