Falso 9 é nome pouco apropriado para atacantes autênticos e transparentes
Centroavantes que se movimentam bastante, dão excelentes passes e finalizam muito bem são mais completos
Tostão/Folha de S. Paulo
Botafogo e Atlético-MG devem fazer a final da Libertadores, mais uma demonstração da superioridade dos times brasileiros em decorrência da grande diferença financeira. Os melhores jogadores de outros países sul-americanos estão na Europa, e os logo abaixo atuam no Brasil.
Botafogo e Atlético-MG estão muito bem. O Botafogo, líder também do Brasileirão, pelo menos até este sábado (26), une força física, velocidade e capacidade de atacar e defender com muitos jogadores com talento individual. Os quatro mais adiantados (Igor Jesus, Savarino, Almada e Luiz Henrique) fazem parte das seleções de seus países. O trabalho do técnico português Artur Jorge é excelente.
O Atlético-MG melhorou bastante quando o técnico Gabriel Milito acertou no posicionamento e na escalação dos três defensores. Os alas Arana e Scarpa são excepcionais nos cruzamentos. Hulk e Paulinho formam uma excelente dupla de ataque que pode se tornar um trio após a ótima atuação de Deyverson junto aos dois na vitória sobre o River Plate. Milito tem as duas opções de acordo com o adversário, pois às vezes precisa ter um terceiro jogador no meio-campo, mais criativo, para atuar à frente dos dois volantes.
Na Copa Sul-Americana, os empates de Cruzeiro e Corinthians levaram as decisões para a Argentina. Cruzeiro e Lanús fizeram uma partida muito ruim. O Cruzeiro perdeu a movimentação e a marcação que tinha sob o comando de Seabra e ainda não incorporou qualidades de Fernando Diniz, como a aproximação, a troca curta de passes e o envolvimento do outro time.
Corinthians e Racing fizeram um jogo agradável com quatro belíssimos gols. O erro do técnico Ramón Díaz, ao trocar no primeiro tempo um jogador de meio-campo por um atacante por causa de uma contusão, foi menos importante do que as virtudes do time argentino.
Treinadores de todo o mundo costumam, principalmente quando jogam em casa, colocar mais atacantes, movidos por impulsos e para mostrar que são ousados –o que agrada a maioria–, não por necessidades das equipes. Quando perdem, são criticados. Quando ganham, são elogiados.
O meio de semana foi repleto de grandes lances e de belas partidas. Na Liga dos Campeões, Vinicius Junior e Raphinha marcaram, cada um, três gols. Vinicius Junior deve receber nesta segunda (28), merecidamente, o prêmio de melhor do ano, do mundo. O protagonismo mundial dos dois jogadores, a evolução de vários outros, como Estêvão, e a provável volta, em forma, de Neymar criam uma esperança de que o Brasil possa formar uma grande seleção até a Copa, mesmo sem ter jogadores especiais no meio-campo, nas laterais e na posição de centroavante.
Para isso ser possível, é necessário também melhorar a maneira de jogar, ter um time mais compacto, sem deixar grandes espaços no meio-campo.
Típicos centroavantes, ótimos finalizadores, são importantes, o que não significa que sejam sempre essenciais. Os centroavantes que se movimentam bastante, participam do jogo coletivo, dão excelentes passes para gols e finalizam muito bem são mais completos. O inglês Kane e outros seriam chamados no Brasil de falsos 9, um nome bastante inapropriado, pois são verdadeiros, autênticos e transparentes.
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