03 julho 2025

Genocídio: multinacionais lucram

Genocídio lucrativo: Relatório expõe “economia da destruição” sustentada por multinacionais
Documento da relatora da ONU Francesca Albanese denuncia envolvimento de gigantes corporativas nos crimes de guerra cometidos por Israel na Palestina. “O genocídio é lucrativo para muitos”, alerta
Cezar Xavier/Vermelho  

Em um relatório divulgado nesta segunda-feira (1º) e intitulado “Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio”, a Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos, Francesca Albanese, revela o envolvimento direto de empresas multinacionais de armas, tecnologia, construção, energia e finanças no sistema de apartheid e nos ataques genocidas conduzidos por Israel em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

O documento será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta quinta-feira (4) e traz evidências documentais, jurídicas e jornalísticas que demonstram como dezenas de empresas — de nomes conhecidos como Lockheed Martin (EUA), Google, Amazon, Microsoft, Caterpillar (todas dos EUA), Carrefour e Airbnb — lucram com a destruição da Palestina.

“A cumplicidade exposta no relatório é apenas a ponta do iceberg. Isso não terminará sem responsabilizar o setor privado, incluindo seus executivos”, alerta Albanese.

Armamento, tecnologia e infraestrutura: os pilares de uma “máquina genocida”

O relatório de 39 páginas descreve o funcionamento de uma engrenagem corporativa global que sustenta o regime colonial, o apartheid e o genocídio. Albanese detalha a atuação de empresas armamentistas, como a Lockheed Martin, que fornece os caças F-35 e F-36 responsáveis pelo lançamento de 85 mil toneladas de bombas sobre Gaza.

Outras empresas citadas incluem:

  • Elbit Systems (Israel) e Israel Aerospace Industries: produzem drones e hexacópteros usados em ataques aéreos em áreas civis densamente povoadas.
  • Google, Amazon e Microsoft: fornecem tecnologias de vigilância, análise de dados e serviços de nuvem utilizados em assassinatos por drones e repressão digital.
  • Caterpillar (EUA) e Heidelberg Materials (Alemanha): fornecem tratores e cimento para a demolição de casas palestinas e construção de assentamentos ilegais.

“Essas empresas não são meras espectadoras. Elas são parceiras ativas na repressão e no deslocamento sistemático dos palestinos”, diz Albanese.

Exemplos ainda incluem as varejistas Benetton Group (Itália), Carrefour (França), as fabricantes Airbus (França), Rafael Advanced Defense Systems (Israel), as agrícolas Netafim (Israel) e PepsiCo.

Supermercados, bancos e aplicativos: a normalização do apartheid

A teia de envolvimento corporativo vai além da indústria bélica. Albanese destaca a cumplicidade de redes de varejo como Carrefour, plataformas de hospedagem como Booking.com e Airbnb, e bancos comerciais como BNP Paribas e Barclays, que subscreveram títulos do Tesouro de Israel, financiando diretamente o aumento do orçamento militar.

O relatório também aponta a ação de fundos de investimento, como BlackRock (US$ 68 milhões), Vanguard (US$ 546 milhões) e PIMCO (US$ 960 milhões).

Estes fundos financiaram empresas israelenses ou compraram dívida pública israelense, mesmo após as ordens da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional, que alertaram para o risco explícito de genocídio.

Universidades e União Europeia também são citadas

Segundo Albanese, instituições acadêmicas — como o MIT e universidades ligadas ao programa Horizonte Europa, da Comissão Europeia — alimentam a máquina de guerra ao desenvolver tecnologias, ideologias e parcerias com o Ministério da Defesa de Israel.

O MIT, por exemplo, coopera no desenvolvimento de enxames de drones, uma das tecnologias mais utilizadas nos ataques a Gaza desde outubro de 2023. A relatora acusa essas instituições de “sustentar intelectualmente” o projeto colonial e ignorar a violência sistêmica que ele gera.

Energia e mineração: expropriação ambiental e lucros com o colapso

No setor energético, empresas como Chevron, British Petroleum, NewMed Energy, Glencore e até a Petrobras foram mencionadas por suas ligações com a extração de recursos em territórios ocupados e no fornecimento de energia usada para manter a infraestrutura dos assentamentos ilegais. A Petrobras é mencionada pelas remessas de petróleo bruto extraído de campos brasileiros, nos quais a estatal detém as maiores participações, e combustível de aviação militar, que ajuda a abastecer duas refinarias em Israel.

Albanese acusa essas corporações de “punição coletiva econômica e ambiental”, ao colaborar com o bloqueio e o colapso dos sistemas básicos de vida em Gaza.

Consequências jurídicas: o lucro pode virar crime

O relatório não apenas denuncia: ele propõe ações concretas. Albanese invoca princípios internacionais de responsabilidade empresarial, exigindo:

  • Rompimento imediato de laços comerciais com empresas envolvidas;
  • Compensações aos palestinos por perdas humanas e materiais;
  • Responsabilização legal de executivos corporativos por cumplicidade em genocídio.

Segundo a relatora, os Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, a Convenção para Prevenção do Genocídio e as ordens do Tribunal Penal Internacional deixam claro: “Negócio como sempre é crime” diante de indícios tão explícitos de genocídio.

Reações: boicotes, pressão diplomática e movimentos estudantis

Movimentos como o BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) já iniciaram campanhas de boicote a empresas mencionadas no relatório. Universidades europeias, como as de Londres e Edimburgo, começaram a revisar seus investimentos e convênios com instituições israelenses.

“O boicote não é apenas moralmente justo, é uma obrigação legal”, defende Albanese. “O mundo precisa escolher: justiça ou lucro”

O relatório será debatido nesta quinta-feira (4) no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em sessão pública e transmitida ao vivo. Nele, Francesca Albanese deixa uma pergunta incômoda para Estados, empresas e cidadãos:

“O mundo está disposto a financiar o genocídio de um povo por mais lucro? Ou está pronto para responsabilizar os cúmplices da destruição e escolher o lado da justiça?”

Enquanto isso, milhões de palestinos seguem vivendo sob bombardeio, cerco, fome e deslocamento forçado — e as empresas citadas continuam a contabilizar lucros recordes.

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Crimes sionistas e a coragem judaica de os denunciar https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/06/enio-lins-opina_22.html 

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