No Diário de Pernambuco:
Bendita lista negra
Luci Pereira, coluna Diário Urbano
A recente decisão das prefeituras do Recife (Secretaria de Turismo) e de Jaboatão (Gerência de Turismo) de desenterrar zumbis que dançam ao som de axé e de forró eletrônico, som com o qual o Recifolia arregimentava jovens para o seu exército de alienados, doeu. Mas eis que a quarta-feira acabou terminando com um “curativo” colocado na ferida pelo deputado estadual Luciano Siqueira, autor do PL Nº 394/2011, que será votado depois de passar pelas comissões técnicas. Uma vez aprovado e, em seguida, sancionado pelo governador Eduardo Campos, o PL vai ajudar a moralizar um terreno dos mais propícios à prática de irregularidades que só contribuem para encher os bolsos de bandas ruins, produtores oportunistas e gestores em perfeita harmonia com a tese do “é dando que se recebe”. Grupos que se valem de letras nas quais reina a baixaria, que, postas em papel, não merecem nem frequentar banheiros públicos, poderão ficar de fora dos beneficiados com verbas de patrocínio do governo. Estar nesta espécie de lista negra vai significar, então, perder uma “boquinha” e tanto, porque, afinal, não é justo que seja o bolso do contribuinte a financiar verdadeiro desserviço à cidadania. O deputado tem razão: “Estamos em uma época em que há um consenso a favor de políticas antidiscriminatórias. O governo vem investindo em ações para aumentar o respeito às diferenças e é um absurdo que o mesmo dinheiro usado nessas ações sirva também para divulgar grupos que discriminam mulheres, negros, homossexuais …” Talvez, daqui a pouco, por força de lei, a Empetur, a Fundarpe (antes) e prefeituras façam escolhas mais respeitáveis para eventos a que chamam de “culturais” quando eles só garantem o pior dos circos – aquele que diverte às custas da cidadania.
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