Dilma Rousseff também tem os seus, mas aqueles de seus adversários na corrida presidencial continuam maiores
Por Marcos Coimbra, na Carta
Capital
A 11 meses da eleição presidencial, as oposições enfrentam problemas.
Não apenas elas, pois a presidenta Dilma Rousseff também tem os seus, mas aqueles
dos adversários são claramente mais complicados.
As dificuldades dos diversos possíveis candidatos oposicionistas começam
pela indefinição a respeito da própria candidatura. Nos vários partidos que
pensam disputar a eleição contra Dilma há nomes de mais ou de menos.
Nas duas principais legendas é evidente o conflito entre os postulantes
à cabeça de chapa. No PSDB, Aécio Neves e José Serra estão em rota de colisão
cada vez mais acelerada. A qualquer hora vão trombar, com mortos, feridos e um
rastro de destroços pelo caminho.
No PSB, Marina Silva comporta-se como a convidada bem trapalhona na festa de Eduardo Campos. Desde a sua filiação ao partido, o governador de Pernambuco amarga uma dor de cabeça após a outra.
No PSB, Marina Silva comporta-se como a convidada bem trapalhona na festa de Eduardo Campos. Desde a sua filiação ao partido, o governador de Pernambuco amarga uma dor de cabeça após a outra.
Enquanto os tucanos se bicam e os socialistas encenam o jogo da “aliança
programática”, pequenas legendas entram na dança das candidaturas próprias.
Nenhuma sabe se será para valer, mas algumas têm até nomes provisórios para
oferecer. Outras estão à cata de um.
No PPS, há quem fantasie o lançamento da vereadora Soninha Francine,
para desagrado de seu presidente, Roberto Freire, que parece vê-la como
substituta insuficiente de Marina Silva que tanto desejava. No PSC, o pastor
Everaldo discursa como presidenciável. Não é impossível surgirem outras
candidaturas semelhantes.
O estímulo a essas microcandidaturas vem de cima, do PSDB e do PSB. São
parte da estratégia imaginada por Aécio Neves e Eduardo Campos para tentar
dificultar o caminho de Dilma Rousseff, multiplicando o número de oponentes que
ela terá de enfrentar, por menores que sejam.
Não são, portanto, candidaturas espontâneas. Nem sequer pretendem
representar uma parcela, mesmo pequena, da sociedade. Nascem apenas como linha
auxiliar de um combate que as transcende.
Os partidos ideológicos não agem assim, sejam os de extrema-esquerda,
sejam os de agenda específica. Eles participam de eleições sem expectativa
realista de vitória, na busca por marcar posição e levantar bandeiras. PPS, PSC
e congêneres não têm ideologia para defender.
Nessas e em outras movimentações há algo que não conhecíamos em nossa
história política pós-ditadura: a constituição de uma espécie de “frente ampla”
oposicionista, sem agenda propositiva e cuja finalidade se define pela negação,
por buscar a derrota do “lulopetismo”. Aécio e Campos aparecem em fotos nas
quais trocam sorrisos, enquanto fabricam nanicos para correr por fora, na
tentativa de trazer alguns votos para o balaio comum. Desde 1989, é a primeira
vez que se esboça algo assim.
A oposição extrapartidária, especialmente a brigada midiática, mostra-se
encantada com a entente cordiale armada para 2014 e a encoraja a todo instante.
Se depender dela, a paz reinará na seara oposicionista, de preferência enquanto
o governismo se fraciona e guerreia.
Dá-se o caso, contudo, de essa possibilidade só existir no sonho de
alguns. No mundo real, nem há paz dentro dos partidos da oposição, nem haverá
entre eles na hora em que a disputa eleitoral se intensificar. Para Aécio e
Campos, ou qualquer composição de nomes de seus partidos, o sabor de uma
hipotética derrota petista não anularia o gosto amargo da vitória do outro.
Ambos apostam em conseguir mais votos e querem somente se aproveitar do aliado
ocasional.
No fundo, tudo isso apenas reflete o aspecto central do oposicionismo brasileiro de hoje: sua falta de identidade e rosto natural. O contrário do que havia em 2002, quando o governismo foi derrotado por uma candidatura de oposição inteiramente natural, a de Lula pelo PT.
Aécio? Serra? Campos? Marina? Soninha? O pastor Everaldo? Mais alguém?
Em frente ampla? Cada um por si? Tantas interrogações indicam: por razões
distintas, está tudo no ar no campo oposicionista.
O mau desempenho dos nomes da oposição nas pesquisas atuais e a vantagem
de Dilma, é fato, não significam que a presidenta só terá bons ventos pela
frente. Parece claro, porém, que as dificuldades de seus oponentes serão
maiores.
Nem precisamos lembrar que a presidenta possui um amplo estoque de boas
notícias e propostas para apresentar ao eleitorado. Quanto à oposição, até
agora não mostrou saber o que quer, a não ser assumir o poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário