24 novembro 2013

Uma crônica minha para descontrair

Enfim, descubro-me um cidadão desinformado
Luciano Siqueira

 
Realmente, uma descoberta e tanto. Dou-me conta de que, apesar dos esforços diários, sou um cidadão relativamente desinformado. Pois li, dias atrás, em matéria de destaque na Folha de S. Paulo que a modelo Luiz Brunet fez 51 anos e decidiu retirar o silicone dos seios. E eu nem sabia que a moça tinha posto silicone, nem nos seios nem noutras partes do corpo, muito menos os motivos que a levam agora a dispensar o disfarce.

A notícia, obviamente, é importantíssima. Se não fosse, um jornal de circulação nacional não lhe daria tanto espaço. Eu é que estou por fora.

Isto apesar de ler cotidianamente os principais jornais do país, visitar portais e sites de notícia e opinião - sempre com a atenção focada no que me parece verdadeiramente importante.

Mas tenho errado, sim, nessa coisa de foco no que vale a pena ler. Fico devendo à La Brunet por não acompanhar sua vida em detalhes, assim como a outras celebridades e outras tantas personalidades nem tanto. 

Assim, peço desculpas ao grande empresário do setor financeiro por somente ontem ter sabido que nas horas vagas cultiva pimentas de diversas espécies. Para relaxar, diz ele, ao repórter atento.

Devo sim, reconheço. Como não sabia que um ex-presidente da República, reconhecido nos salões mais sofisticados pela sua finura e bom gosto, coleciona cinzeiro de avião - daqueles que existiam antes da interdição aos fumantes em voo, encravados no braço do assento? Um leve movimento com a unha e se tinha o cinzeiro à mão. Não sei quantos estão catalogados na coleção particular do ilustre homem público, mas certamente ali jazem como relíquias da Varig, VASP, Transbrasil e até, quem sabe, de companhias mais antigas, como a Panair e o Loyd Aéreo. Que os guarde com o zelo próprio dos colecionadores.

Lembro vagamente de um telefonema bisbilhotado por repórter de jornal sensacionalista, em que o príncipe Charles dizia à amada Camiila (ex- Parker-Bowles) que gostaria de ser um Tampax, absorvente íntimo, para estar sempre ali naquele lugarzinho cobiçado. Mas nunca me passou pela cabeça que o prestigiado monarca tivesse se convertido em colecionador de milhares de marcas de absorventes comercializadas mundo afora, conforme pude ouvir numa mesa de restaurante ao lado, onde animado grupo debatia amenidades.

Aliás, não tenho o menor interesse nesse tipo de informação. Mas fico com uma ponta de dúvida: que e espécie de gente sou assim tão avesso a notícias tão destacadas sobre hábitos e desejos de figuras badaladas? Afinal, se a grande mídia dá tanta importância, o futuro da Humanidade pode depender dessas coisas e eu é que não alcanço tamanha verdade. Sei não. 

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