Luciano Siqueira
A notícia,
obviamente, é importantíssima. Se não fosse, um jornal de circulação nacional
não lhe daria tanto espaço. Eu é que estou por fora.
Isto apesar de ler
cotidianamente os principais jornais do país, visitar portais e sites de
notícia e opinião - sempre com a atenção focada no que me parece
verdadeiramente importante.
Mas tenho errado,
sim, nessa coisa de foco no que vale a pena ler. Fico devendo à La Brunet por
não acompanhar sua vida em detalhes, assim como a outras celebridades e outras
tantas personalidades nem tanto.
Assim, peço
desculpas ao grande empresário do setor financeiro por somente ontem ter sabido
que nas horas vagas cultiva pimentas de diversas espécies. Para relaxar, diz
ele, ao repórter atento.
Devo sim, reconheço.
Como não sabia que um ex-presidente da República, reconhecido nos salões mais
sofisticados pela sua finura e bom gosto, coleciona cinzeiro de avião - daqueles
que existiam antes da interdição aos fumantes em voo, encravados no braço do
assento? Um leve movimento com a unha e se tinha o cinzeiro à mão. Não sei
quantos estão catalogados na coleção particular do ilustre homem público, mas
certamente ali jazem como relíquias da Varig, VASP, Transbrasil e até, quem
sabe, de companhias mais antigas, como a Panair e o Loyd Aéreo. Que os guarde
com o zelo próprio dos colecionadores.
Lembro vagamente de
um telefonema bisbilhotado por repórter de jornal sensacionalista, em que o
príncipe Charles dizia à amada Camiila (ex- Parker-Bowles) que gostaria de ser
um Tampax, absorvente íntimo, para estar sempre ali naquele lugarzinho
cobiçado. Mas nunca me passou pela cabeça que o prestigiado monarca tivesse se
convertido em colecionador de milhares de marcas de absorventes comercializadas
mundo afora, conforme pude ouvir numa mesa de restaurante ao lado, onde animado
grupo debatia amenidades.
Aliás, não tenho o
menor interesse nesse tipo de informação. Mas fico com uma ponta de dúvida: que
e espécie de gente sou assim tão avesso a notícias tão destacadas sobre hábitos
e desejos de figuras badaladas? Afinal, se a grande mídia dá tanta importância,
o futuro da Humanidade pode depender dessas coisas e eu é que não alcanço
tamanha verdade. Sei não.
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