Adalberto
Monteiro, no Vermelho
Capa da
Veja. Um "monstro" vomita impropérios contra uma frágil Marina, que
encolhe-se em pânico. Mal a tal revista chegava às bancas, Marina deu uma
declaração que poderia ser uma legenda daquela sinistra ilustração. Disse ela
que Dilma seria “a primeira presidente mulher a querer destruir outra mulher”.
Um ou dois
dias antes a Folha de S. Paulo já havia alardeado que Marina teria chorado por
conta de uma fala “maldosa” do ex-presidente Lula. A marquetagem da Rede-PSB
forjou uma “vítima” e com essa “criatura” tenta interditar o debate.
Ao debate
programático que Dilma empreende, Marina dá o nome de calúnia. Ao alerta do que
pode representar uma candidata órfã, adotada pelos banqueiros e deles porta-voz,
a grande mídia chama de “tática do medo”. Domingo, dia 14, a presidenta Dilma
esclareceu bem sua posição: “Não cabe a gente se vitimizar. Enquanto o debate
for político e não disser respeito à honra e a características pessoais de
ninguém, que se dê o debate e falem de projetos, que é da democracia.”
Na
verdade, Marina e seu staff perceberam que quanto mais o eleitorado toma
conhecimento do plano de governo da Rede-PSB e do pacto que a candidata firmou
com a oligarquia financeira, mais o povo se decepciona com a anunciada “nova
política”. A candidata Marina veste a máscara de vítima, e a grande mídia
completa seu figurino com um manto de “santa.” O enredo se fecha com a
presidenta Dilma recebendo a pecha de “algoz”. Querem ganhar a presidência do Brasil
com essa encenação barata: a “boazinha” versus a “malvada”. Aí, é subestimar
demais a consciência crítica do povo.
Quando se
vê acuada por suas próprias contradições e com o fito de travar o debate,
Marina posa de mártir e oferece “a outra face”. Quando lhe é conveniente, atira
para longe a máscara e destila veneno. Sem prova alguma, alicerçada apenas nas
ilações da revista Veja, ela afirmou que o PT, legenda na qual militou a maior
parte de sua vida política, teria colocado por “12 anos um diretor para
assaltar os cofres das Petrobras.”
Outro
exemplo. Num comício em Ceilândia, Distrito Federal, ocorrido no último
domingo, 14, ela assegurou que a presidenta Dilma Rousseff está "apenas
aguardando" o fim da eleição para reajustar preços. Isto é uma inverdade.
A presidenta reiterada vezes descartou tal medida. Ao contrário, quem
publicamente cogitou o “tarifaço” foi o badalado guru de Marina, professor
Eduardo Gianetti em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico.
Mas
prossigamos com o debate.
Domingo,
14, o jornal O Globo publicou com destaque uma entrevista com o economista
Alexandre Rands. Nela, ele é apresentado como responsável “pelo capítulo
econômico do programa de governo de Marina.” A manchete da entrevista é: “Dilma
trata os empresários como prostitutas.” (sic). Eis mais um exemplo da campanha
que se prima “pelos bons modos”. Baixarias à parte, vamos ao conteúdo.
Rands
bombardeia a política de financiamento do BNDES à produção e aos investimentos.
Faz coro ao que já dissera outro guru de Marina, o professor Eduardo Gianetti,
que disse ao jornal Valor Econômico que a “indústria pode se preparar para uma
operação desmame.” Tanto Rands quanto Gianetti grosseiramente parecem abstrair
que não existe uma crise econômico-financeira assolando o mundo. Quer seja por
medo de riscos inerentes aos períodos de crise, quer seja pela lógica de ganhos
fabulosos nas aplicações financeiras, os bancos privados aqui e em alhures
deixaram de ter participação expressiva no fornecimento de crédito ao setor
produtivo.
Aliás, em
junho último, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa de depósitos para
abaixo de zero (-0,1%) com o objetivo de “forçar” os bancos privados a
emprestarem dinheiro para o setor produtivo.
Nos
governos de Lula, e também no governo Dilma, o BNDES e os demais bancos
públicos tiveram um papel decisivo para diminuir os danos da grande crise sobre
a economia nacional e à geração de empregos. O que o plano econômico de Marina
propõe, portanto, é uma temeridade, sobretudo porque a crise prossegue. Sem uma
presença ativa dos bancos públicos no financiamento dos investimentos, poderia
ocorrer uma quebradeira de empresas e corte de postos de trabalho.
A
entrevista de Rands tem ainda um trecho muito esclarecedor acerca da principal
proposta do programa econômico de Marina: a independência do Banco Central.
Perguntado sobre que diferença faria para o atual presidente Alexandre Tombini
caso o banco já fosse autônomo, com mandato fixo, Rands respondeu: “Ele teria
subido os juros antes. Não ficaria subjugado à presidente. Poderia dizer para
ela: cuida do seu quadrado, e eu cuido do meu”. Mais explícito do que isso
impossível.
No dia 8
de setembro, Rands e outros colegas do comando da campanha da candidata da
Rede-PSB participaram de um evento organizado pelo Bank of America/ Merrill
Lynch. Lá, ele defendeu alterar a meta de variação da inflação. Neste
particular, o falante professor foi desautorizado por Marina. Mas, a
desautorização não versa sobre o conteúdo destacado acima. Ao reafirmar a meta
de 4,5% da inflação, como objetivo imediato, Marina sinaliza com austeridade
fiscal, leia-se, corte nos investimentos sociais e aumento de juros. Assim reza
os ditames do tripé macroeconômico ortodoxo que Marina repete como um mantra.
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