A pulga, a ciência e a vida cotidiana
Luciano Siqueira, no Blog de
Jamildo/portal ne10
Tudo
bem: a crise prossegue sem tréguas - mesmo sob o clima do Natal e do réveillon.
Longe de mim esquecer os problemas do País e de nossa cidade, ainda que
no gozo de pouco mais de uma semana de repouso, com a família, na praia.
Mantenho-me
conectado, em cívica vigilância: quem tem um Eduardo Cunha como ponta de lança
da oposiçāo há de estar atento. Tudo pode acontecer - inclusive coisa alguma.
Mas
me permito uma digressão bem humorada, no bom propósito de descontrair meus
possivelmente poucos leitores nesta quarta-feira que antecede a passagem de
ano...
Houve
tempo, quando ainda menino, dava-me ao trabalho (e ao prazer) de listar
fenômenos que, ouvia dizer, nem a ciência mais avançada seria capaz de
explicar.
O
tempo passou, a lista se perdeu no escaninho da memória: hoje não seria capaz
de repetir a proeza.
Mas
de uma coisa tenho certeza: não estava na lista a complexa questão do salto da
pulga.
Nada
de preconceito com o pequenino inseto. Ignorância mesmo. Nem me dava conta de
que as danadinhas saltam bem mais longe e com maior rapidez do que seria
natural devido suas características anatômicas.
Como
assim?
Os
cientistas já haviam descoberto que a energia necessária para transportar uma
delas, por impulso próprio, a uma distância 200 vezes maior do que o
comprimento do seu corpo é produzida por uma estrutura elástica, que nem uma
mola, que faz parte daquele corpinho diminuto.
Ocorre
que pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, depois de
incansável investigação, chegaram à conclusão de que esse impulso, de
fazer inveja aos melhores zagueiros do futebol mundial, decorre de uma
espécie de tração nas patas traseiras.
Viva
a ciência!
Mas,
que diabo isso tem a ver com a nossa dura e fascinante vida cotidiana?
Ah,
amigos, a boa pesquisa é aquela que se pode aplicar. Tanto que depois de
fazer imagens das pulguinhas em saltos mortais e outras acobracias
sensacionais, com câmeras capazes de capturar objetos se movendo em alta
velocidade, os cientistas descobriram que a tração na traseira faz com que a
“mola enrolada” se solte e projete o inseto às alturas e a largas distâncias.
Isto
posto - ou melhor, descoberto - por que não construir robôs capazes de fazer o
mesmo?, indagam os ditos cientistas de Cambridge debruçados sobre novas
propostas de pesquisa em busca de financiamento.
Tudo
na boa intenção de que tais robôs possam ser úteis aos sistemas de produção
industrial ou a determinados estudos geológicos ou sabe-se mais o quê.
Quem
sabe em breve, numa dessas retrospectivas anuais bem ao gosto das redes de TV,
Cambridge seja destaque com uma espetacular inovaçāo tecnológica baseada na
continuidade das pesquisas sobre as potencialidades anatômicas das triviais e
agora importantíssimas pulgas.
Sem
Eduardo Cunha e sua corja.
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