20 outubro 2018

Plano vem de longe...


Desenrolando o novelo da comunicação de Bolsonaro
Wagner Menke, Jornal GGN

Vou postar aqui os achados do Leandro Beguoci, diretamente do seu Twitter. Postagem do dia 12:53 - 7 de out de 2018
Eu li quase todos os projetos de lei do Bolsonaro como deputado. E percebi que, em 2017, dois projetos destoaram da sua atuação parlamentar: os dois eram sobre o Whatsapp e seu funcionamento no Brasil.
Autor: Jair Bolsonaro - PSC/RJ.
Data de apresentação: 12/7/2017
Ementa: Acresce inciso IV ao artigo 102 da Constituição Federal para conferir apenas ao Supremo Tribunal Federal a suspensão de aplicativos de troca de informações via internet.
Autor: Jair Bolsonaro - PSC/RJ.
Data de apresentação: 16/2/2017
Ementa: Altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, para vedar a oferta de pacotes com franquias limitadas de dados.
A história da campanha espontânea NÃO é verdadeira, assim como várias outras infos que a campanha dele faz circular pela internet. Os projetos deixaram um rastro bem claro. A aposta sempre esteve no Whatsapp, fora do escrutínio público. E por que estou falando disso? Porque, neste momento, está acontecendo uma campanha gigantesca de desinformação via Whatsapp para convencer as pessoas de que as urnas eletrônicas são uma fraude. Isso é grave. Eles querem ganhar na base da mentira e da desinformação. Isso não é uma tática ingênua. Ninguém sabe quem são as pessoas que reclamam das urnas, ninguém sabe o contexto dos vídeos. Pode ser qualquer coisa - inclusive, nada. A campanha do Bolsonaro quer te enganar. Cuidado. Esse método é o mesmo usado em várias eleições mundo afora. Na semana passada, um dos filhos do deputado fabricou uma realidade paralela dizendo que havia um milhão de pessoas na Paulista em apoio ao deputado. Ele atribuiu a informação à PM. As duas infos eram falsas. Não tinha um milhão de pessoas na Paulista, como qualquer pessoa pode checar. Além disso, a PM não divulgou estimativa de público. Se eles mentem sobre coisas assim, eles podem mentir sobre tudo. Cuidado, pessoal.
Postagem do dia 16:08 - 18 de out de 2018
Me perguntaram como eu cheguei nessa história. Vamos lá: 1) Descobri os projetos por acidente. Meu objetivo inicial era conhecer o pensamento do Bolsonaro por meio dos projetos de lei 2) depois, achei que tinha coisa ali no WhatsApp por causa do padrão. Qual era o padrão? Bem, quem me ajudou a descobrir foram meus amigos que apoiam o Bolsonaro. Sempre que eu postava algo sobre o candidato, geralmente comentando algo publicado pela imprensa, logo recebia uma enxurrada de memes e mensagens muito parecidas em conteúdo. Comecei a juntar as peças. O design mudava, mas havia um padrão ali. Se não existia centralização na distribuição de mensagens, deveria existir pelo menos na produção de conteúdo. Comecei a tabular ideias e comportamentos, usando método de pesquisa que aprendi na Inglaterra. Então foram surgindo padrões de mensagem bem interessantes, e vários padrões me lembravam mensagens da greve dos caminhoneiros, mensagens da época do impeachment. Tinha centralidade ali. Não era só voluntário. E aí caiu a ficha (desculpe a metáfora, sou um jovem idoso). A ideia de campanha voluntária era central para a campanha do Bolsonaro. Portanto, a campanha deveria parecer voluntária e engajar as pessoas como se fosse assim. A própria forma da campanha era um slogan de campanha. Dito isso: acredito que há milhares de voluntários que trabalham de graça para Bolsonaro. Ninguém fica tão grande só com campanha centralizada. Mas a genialidade da campanha não está só na distribuição. Está na concepção da mensagem. E aí a gente manda um abraço para o McLuhan: o meio é a mensagem. Ele estava certo. O meio WhatsApp era a mensagem da campanha voluntária. Isso é central para uma campanha baseada na luta contra tudo isso que está aí. Deu certo, muito certo até agora. Por isso que a campanha do Bolsonaro vai lutar com todas as forças para atacar a reportagem da Folha. Ela mostra que o ídolo tem pés de barro... Se essa ideia da campanha voluntária cai, cai uma das fortalezas da “ideia Bolsonaro”.
Voltando...
Agora vamos organizar e juntar algumas coisas.
Primeiro, Bolsonaro andou soltando planos de aumentar o número de ministros do STF. Isso casa com sua PEC de deixar exclusivo a eles, ministros, a suspensão de serviços como o Whatsapp. Lógico que Bolsonaro, parlamentar medíocre que é, não cogitou aprovar seus projetos antes da presidência, mas certamente depois de chegar no Planalto. O segundo projeto estabelece que todo cidadão irá receber infinitas mensagens de Whatsapp, independente do seu plano de dados. Ele sabe que seus eleitores são os mais utilizam a internet, e o próprio Whatsapp, pra se informar.
Assim como Trump, Bolsonaro desdenha e desacredita a mídia. Os dois trabalham em cima do que ficou conhecido como “fatos alternativos”, só que Bolsonaro usa os aplicativos de mensagens, sem grandes contraditórios, ao invés do Twitter.
Ou seja, a indústria de Fake News não é só uma estratégia eleitoral: é um projeto de poder! Se esse cara chegar à presidência, não vai hesitar em criar uma realidade paralela quando as coisas se complicarem para o lado dele!
Lutemos.
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