Sequência interminável de bobagens
Luciano Siqueira
A equipe
ministerial do novo governo, antes mesmo de assumir, tem brindado o País com
uma sequência interminável de bobagens.
Perigosas
bobagens, pois têm algo em comum: ou atingem direitos sociais, ou atentam
contra a soberania nacional.
No mínimo,
afetam a nossa economia através de presepadas que podem redundar em sérios prejuízos
ao comércio exterior.
A anunciada,
e ainda não completamente confirmada, transferência da embaixada brasileira em
Israel de Tel Aviv para Jerusalém de imediato provocou turbulência com a
comunidade dos países árabes, cuja região é a principal compradora de produtos de origem animal
do Brasil, como carnes bovina e de frango e também dinâmica em áreas como
aviação militar e investimentos, conforme acentua a Câmara de Comércio
Árabe-Brasileira.
Os países árabes são o 5º principal
destino de produtos brasileiros. Compraram cerca de US$ 10 bilhões de janeiro a
setembro deste ano.
O Brasil tem déficit na balança
comercial com apenas quatro, dos 22 países árabes: Argélia, Marrocos, Arábia
Saudita e Catar.
Agora, em entrevista ao jornal ‘O Estado
de São Paulo’, a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina – figura exponencial
da chamada bancada ruralista na Câmara dos Deputados – anuncia a pretensão de alterar
o processo de inspeção de carnes e derivados produzidos no País, acabando com a
fiscalização diária do governo.
O endereço
da medida é óbvio: beneficia principalmente os frigoríficos, hoje submetidos a
auditorias diárias feitas por técnicos do ministério.
Ela quer
que o setor adote “práticas de autocontrole”, com protocolos de segurança
estabelecidos pelo governo, mas sendo auditados pelo poder público apenas “de
tempos em tempos”.
Ou seja,
a raposa passa a cuidar do galinheiro – com o aval oficial do ministério da
Agricultura.
Querer
beneficiar seus parceiros econômicos e políticos é até compreensível num futuro
governo ágil em alardear moralidade, porém mais ágil ainda em cuidar de acenar
com privilégios aos segmentos da grande economia que lhe deram respaldo na campanha
e continuarão a dar a partir de janeiro.
Mas ridículo
é a senhora Tereza Cristina desconhecer que – como alerta o atual ministro da
Agricultura, Blairo Mogi – que a inspeção oficial diária é uma exigência do mercado
internacional.
Portanto,
a prevalecer a intenção (má intenção, melhor dizendo) da futura ministra, seria
afetado um mercado que, em 2016, exibia um faturamento de US$ 5,5
bilhões, tendo sido embarcadas para o exterior mais de 1,4 milhão de toneladas.
Apesar dos escândalos evolvendo o
grupo JBS e outros, a exportação
de carne bovina cresceu 11% em 2018, sobretudo Hong Kong, com transações da
ordem de US$ 879 milhões.
O
episódio é mais um dos que se anunciam sob os olhares complacentes do novo presidente,
que tem a pachorra de repetir “não entendo de economia”, como uma espécie de
aval prévio às “caneladas” dos seus futuros ministros.
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