Estratégia
ou incompetência?
Luciano Siqueira
O noticiário
diário é pródigo em problemas no governo Bolsonaro, criados pelo próprio
presidente, seus filhos ou o dito filósofo Olavo de Carvalho, que de Miami
envia torpedos contra os generais ocupantes de ministérios e outros desafetos.
Veja bem: as
turbulências internas no entorno do presidente não resultam de pressão
oposicionista, que ainda é tímida e relativamente desarticulada; resultam do
bate cabeças entre os próprios governistas.
“Agravamento
da crise” é uma expressão frequente nas manchetes e notas nas colunas políticas.
Isto com
pouco mais de dois meses de governo.
No centro do
furacão, o próprio presidente a demonstrar diariamente seu despreparo para o
exercício do cargo. Sobretudo quando se trata do relacionamento com o Congresso
Nacional, onde embora conte com maioria numérica inicial ainda não conseguiu
estruturar bancadas governistas.
Também nas
relações diplomáticas, pontificando na cena mundial como um chefe de Estado
destrambelhado, submisso aos EUA, e ridicularizado pela mídia estrangeira.
Mas há quem
diga – pasmem – que tudo isso faz parte de uma estratégia. O capitão presidente
seria movido, passo a passo, por um rumo bem definido a um só tempo destinado a
alavancar a economia sob atrelamento a Wall Street e a acuar o parlamento a
ponto de submetê-lo aos ditames do governo.
Se a isso se
pode chamar de estratégia, que se acrescentem os adjetivos irresponsável e
inconsequente.
Mais ainda
quando as pesquisas revelam rápida queda de popularidade do presidente e do seu
governo. Já não há tanta gordura assim para queimar e a boa vontade da população
vai se esvaindo.
No sistema
político brasileiro, em qualquer conjuntura, Executivo e Legislativo devem manter
relações mutuamente respeitosas e produtivas. Um entrosamento indispensável ao exercício
do governo.
Ignorar a pluralidade
das representações partidárias no Congresso e a influência que sofrem das
realidades locais e regionais, num país tão desigual e complexo, leva a lugar
nenhum. Ou ao caos institucional.
Nesse contexto,
ponto para a oposição – se souber agir com clareza, unidade e sagacidade. Explorar
as contradições no governo e se valer da insatisfação generalizada entre as
bancadas partidárias e mesmo as ditas temáticas.
A começar
pela reforma da Previdência, tema epidérmico na população que forma as bases eleitorais
dos congressistas.
É jogo duro,
a ser jogado com firmeza de propósitos e esperteza.
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mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
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