Charge de Sid
Deslumbre infantil e subserviência
Luciano Siqueira
Já tivemos governantes carentes de uma consciência nacional
elevada. Mas jamais tivermos tamanha demonstração de subserviência como a
praticada pelo presidente Jair Bolsonaro e sua entourage, na recente visita aos
EUA.
O presidente sequer consegue verbalizar uma frase
aproveitável, digna de um chefe de Estado.
Alguém já disse que nem nos apresentamos ao mundo
como republiqueta de bananas, mas agora verdadeiro laranjal (em alusão às
práticas irregulares do partido do presidente, o PSL, no último pleito).
O fato é que o capitão presidente e sua comitiva praticaram
um monte de gestos típicos de um país subserviente, automaticamente aliado com
a grande potência.
A fala do presidente à Câmara de Comércio; as
ofertas generosas do ministro Paulo Guedes, para quem não há perspectiva de
desenvolvimento nacional se não através de relações privilegiadas com os EUA; a
visita a CIA e generosidade unilateral dispensar pedido de visto de cidadão
norte-americanos que viagem ao Brasil – sem a reciprocidade própria das
relações diplomáticas entre nações soberanas -, e a entrega de bandeja da base
de Alcântara para exploração pela NASA constituem um marco negativo da inserção
do nosso País na cena internacional.
Até o convite à exploração da diversidade abrigada
na parte brasileira da Amazônia foi oferecida ao governo norte-americano!
E para que não restem dúvidas quanto ao peso do clã
no governo, o encontro de Bolsonaro com Trump no salão oval teve a presença do
filho, deputado Eduardo, e não do chanceler Ernesto Araujo.
O fato é que essa nefasta missão aos EUA se soma a
um conjunto de trapalhadas e desavenças na própria equipe de governo e à visível
dificuldade de relacionamento com o Congresso Nacional – fatores de desgaste em
relação à opinião pública e inibição da ação administrativa.
Como bem assinalou a líder da Minoria na Câmara dos Deputados, deputada
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a comitiva brasileira se pautou por “absoluta
subserviência e deslumbre infantil”.
“Um presidente que
chega sem proposta, sem discurso e fazendo um discurso ideológico idiota, de
confronto com o comunismo, socialismo, confronto com ideologias de gênero, com
piadinhas sobre homofobia e colocando o Brasil à venda, sem nenhum projeto
concreto”, assinala.
O presidente da República foi a Davos, voltou
pequeno. E agora volta dos EUA menor ainda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário