Heraldo Pereira
A temporada começa nas
oitavas da Copa do Brasil e no Brasileiro
Estaduais são apenas diversão, uma fábrica de ilusões
Tostão, na
Folha de S. Paulo
O físico
brasileiro Marcelo Gleiser, de quem eu não perdia uma só coluna na Folha,
é o primeiro latino-americano a ganhar o importante prêmio Templeton. Ele, agnóstico,
defende a união da ciência com a espiritualidade, a pluralidade e as limitações
da ciência para explicar o mundo. “A ciência flerta com o mistério”, disse o
cientista.
Se
a ciência não explica tudo, muito menos o futebol, embora alguns tentem
fazer isso. O acaso também é importante na vida e no futebol. Uma bola perdida,
um erro do árbitro, uma dor de cotovelo, uma bola que bate na trave e entra no
gol e tantos outros detalhes inesperados mudam a história de um jogo, de um
campeonato e de uma carreira.
Se Messi,
por ser pequeno, tivesse sido reprovado na seleção de garotos do Barcelona,
por algum ignorante –há muitos, em todo o mundo e em todas as áreas–, não
veríamos, todas as semanas, um magistral repertório de dribles, passes e gols.
Pelé é
o maior da história, mas já existe um grande número de pessoas, que, por não
terem visto Pelé jogar, acham que Messi e/ou Cristiano Ronaldo são
superiores.
Daqui
a algumas décadas, quando não existir ninguém que tenha visto Pelé atuar ao
vivo, aumentará, certamente, o número dos que preferem Messi ou Cristiano
Ronaldo. Depois, surgirão os herdeiros dos dois e assim
sucessivamente. As pessoas passam. A vida continua.
Parece
que os estaduais nunca acabam. Se eu fosse um comentarista apenas realista,
rígido, sem devaneios, diria que os estaduais não servem para nada. Mas, como
sou esperançoso e gosto de divagar e me iludir, vejo muitas coisas boas,
melhores que nos estaduais do ano passado.
Palmeiras e Flamengo, que já tinham os melhores
elencos, se reforçaram
neste ano. Grêmio e Cruzeiro estão, no mínimo, no mesmo nível de
2018.
O Corinthians também evoluiu com algumas
contratações. Há uma chance de os outros grandes times brasileiros crescerem
durante o ano. Fluminense, com Fernando Diniz, e Santos, com Sampaoli,
por terem maneiras
diferentes de jogar, podem provocar, mesmo com elencos inferiores,
grandes ruídos em outros treinadores.
Difícil
é ter esperança no São Paulo. Além de tantas trocas de
treinadores, da estranha estratégia de colocar o diretor como
interino até Cuca chegar,
o São Paulo, mesmo com as boas contratações de Hernanes e Pablo,
possui um elenco fraco. Com ou sem Diego Souza, Nenê, Jucilei e outros, que
eram bastante criticados, o time não melhora.
Os jovens são a
última cartada. Rodrigo Caio é mais um ótimo jogador hostilizado
pelo clube, como foram Maicon, Casemiro e até Kaká
O
futebol brasileiro só vai começar para valer quando acabarem os estaduais e
iniciarem as oitavas de final da Copa do Brasil,
o Campeonato
Brasileiro e a fase de mata-mata da Libertadores.
Aí,
vamos conhecer quem é quem. Por enquanto, é apenas diversão, uma fábrica de
ilusões.
FICOU MAIS CLARO
Durante
a Copa, escrevi, várias
vezes, que a Bélgica, nas quartas de final, adotou contra o Brasil o
mesmo sistema tático do
México, nas oitavas, contra o time brasileiro.
Os
mexicanos só não fizeram gols por causa de erros individuais, já que os espaços
na defesa eram enormes. Somente agora, em uma entrevista, o técnico Roberto
Martínez confirmou a estratégia de colocar dois atacantes abertos
(Hazard
e Lukaku) e avançar o meio-campista De Bruyne pelo centro, como no segundo
gol.
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