Confiança ruma para pior resultado desde abril
Valor Econômico
Os indicadores de confiança do consumidor e do empresariado sinalizam, em outubro, o pior resultado desde abril - considerado por economistas como auge do impacto negativo da pandemia na economia. O alerta partiu da economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Viviane Seda Bittencourt ao comentar resultados preliminares de sondagens da entidade, anunciados ontem. Nas prévias, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 1,1 ponto em outubro ante setembro, para 96,4 pontos; e o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) sinaliza recuo de 3,9 pontos, para 79,5 pontos. Caso sejam confirmadas, serão o piore desempenho desde abril, quando registraram respectivamente recuos de 33,8 pontos e de 22 pontos. Para a economista, uma combinação de notícias negativas nos campos fiscal, macroeconômico e sanitário levou ao saldo negativo nos resultados preliminares de outubro. A especialista comentou que, na passagem de setembro para outubro, houve uma série de notícias negativas envolvendo a economia brasileira. Pelo lado fiscal, foram noticiadas informações desencontradas sobre manutenção de auxílio emergencial do governo, além da possibilidade ou não de furar o teto de gastos devido à continuidade desses benefícios.
Além disso, lembrou a economista, as informações
sobre o mercado de trabalho também não foram boas, com um volume maior de
pessoas em busca de emprego - num cenário em que casos de covid-19 ainda estão
em nível elevado. “Tem ainda a questão do auxílio emergencial, que o consumidor
sabe que vai acabar [em dezembro de 2020]”, acrescentou Viviane Seda. “Antes os
empresários estavam até otimistas, mas agora somente a indústria continua com
otimismo. O varejo tem mostrado recuo nas expectativas”, afirmou ela. Um dos aspectos
que pode estar contribuindo para esse último fator, acrescentou a técnica, é o
fato de que o varejista também sabe que o auxílio emergencial tem data para
acabar - e teme por recuo na demanda, quando isso ocorrer. Além disso, no
entendimento da especialista, até o momento, não há sinais de boas notícias no
cenário macroeconômico, para os próximos meses. “O mercado de trabalho está
mais limitado [para absorver novos trabalhadores]. E o setor de serviços, maior
empregador da economia, mostra recuperação muito lenta, tendo sido o mais
afetado pela pandemia”, recordou ela. Na prática, as prévias indicam sinais de
piora, tanto no humor do consumidor; quanto no humor do empresário, resumiu
ela. “Creio que hoje há preocupação geral, não somente nas faixas de renda mais
baixa como também nas de renda alta”, concluiu. A técnica acrescentou ainda que
as frequentes mudanças em notícias nos campos fiscal e macroeconômico tornam
difícil mensurar trajetória para o ICE e para o ICC nos próximos meses.
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