Super o quê?
Luciano Siqueira
Não domino nenhum idioma além do nosso português brasileiro,
mas ouço atentamente o que se diz em outros idiomas. Ufanismo à parte, falamos
e escrevemos do modo mais rítmico, musical e esteticamente bonito do que qualquer
outro povo do mundo!
Só o francês chega perto da gente, quando fala de amor.
Opa! Eu disse que “domino” nossa língua culta e bela?
Errado!
Domino não. Escrevo até bem, reconheço – porque leio muito -,
mas não sei das regras de gramática e de sintaxe e aqui e acolá tropeço quanto
ao modo correto de grafar determinada palavra.
Nunca tive paciência de aprofundar o conhecimento, digamos,
técnico do nosso idioma. Já tentei, mas não persisti.
Durante muitos anos alimentei uma espécie de sentimento de
culpa por isso, até que li de Fernando Sabino, consagrado cronista mineiro, a
confissão de que escrevia com uma gramática e um dicionário à mesa, justamente para
se socorrer de suas deficiências “técnicas”.
Hoje a gente escreve digitando e com um simples toque
consulta dicionários virtuais.
Pois bem. Sei que todo idioma – sobretudo de uma jovem nação
como a nossa – está em permanente construção. Neologismos “pegam” se incorporam
ao dicionário. Expressões idiomáticas de ocasião conquistam permanência anos a
fio.
Aceito tudo de bom grado.
Mas não gosto de certos vícios de linguagem que de tempos em
tempos surgem com força. O uso do gerúndio, por exemplo.
- Amanhã estarei
participando de uma reunião no Alto da Bela Vista.
Por que não amanhã participarei
de uma reunião?
O advérbio enfim,
então, irrita. O cara começa a contar uma história e três palavras iniciais
pronunciadas intercala um enfim
totalmente descabido!
E a interjeição super aparece
como penetra incômodo em frases como:
- Estou fazendo uma
super introspecção orientada pela meu terapeuta...
Nunca fiz terapia, sou capaz de fazer apenas para saber que
diabo vem a ser uma super introspecção, em que difere de uma introspecção...
Paro por aqui para não entrar nas expressões que a turma
mais jovem usa como quem fala entre os dentes e me deixam voando, sem nada
entender. Feito aqueles emoji que se usam à exaustão no WhatsApp e que me
deixam perdido, não consigo entender a maioria.
Bom, devo reconhecer, sou do século passado e tenho mesmo
que conviver com esses vícios horrendos...
Veja: Com
um livro à mão e a esperança na alma https://bit.ly/2X71T2g
Nenhum comentário:
Postar um comentário