28 novembro 2020

Resistência altiva

Ativismo contra a violência e o machismo

Glauce Medeiros*

 

No período de 25 de novembro (Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres) até o dia 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos), mais de 150 países se engajam na campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. Esse movimento, surgido em 1991, quando 23 mulheres de diferentes nações, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres, lançaram a campanha para promover o debate e denunciar​ ​as​ várias​ ​formas​ ​de​ ​agressões sofridas, também ressoa no Recife. A prefeitura, através da Secretaria da Mulher, se engaja na missão de esclarecer o público sobre as causas e formas de violência e estimular as vítimas a quebrar o silêncio, denunciando o agressor.

Este ano, em virtude da pandemia do novo coronavírus, não poderemos promover aglomerações, mas não deixaremos de distribuir materiais informativos sobre os serviços oferecidos pelo município, voltados a acolher mulheres vítimas de violência. Também vamos promover campanha em nossas redes sociais e realizar lives com especialistas sobre temas como violência institucional, violência na pandemia e violência contra mulheres negras. Todas essas iniciativas têm como principal objetivo esclarecer as mulheres e mostrar que elas não estão sozinhas nessa luta.

O município dispõe de serviços como o Centro de Referência Clarice Lispector, com equipes multidisciplinares, compostas por advogadas, assistentes sociais, psicólogas e educadoras, para acolher e encaminhar mulheres ao atendimento que necessitam. O centro dispõe de um serviço de whats app 24 horas (99488.6138), pelo qual a mulher poderá pedir ajuda a qualquer hora. A Secretaria da Mulher também tem salas nos Compaz, onde essas equipes multidisciplinares prestam atendimento.

Há ainda o Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência, o Sony Santos, que funciona 24 horas no Hospital da Mulher, oferecendo inclusive exame de corpo de delito para evitar o deslocamento da vítima de violência sexual até o Instituto de Medicina legal (IML).

É importante ressaltar que, além de acolher a mulher agredida, precisamos combater as causas dessa violência. Ela se origina no machismo que perpassa todos os setores da sociedade, em um país onde uma mulher é estuprada a cada oito minutos e morta a cada sete horas, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Não há outra forma de deter essa escalada brutal a não ser lutar para desconstruir esse ambiente no qual a violência contra a mulher é naturalizada, favorecendo a impunidade do agressor. Onde não há igualdade de gênero nem respeito às diferenças, não pode haver democracia plena.

*Secretária da Mulher do Recife

Veja: A literatura é uma agulha na estupidez https://bit.ly/3nvQiVq

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