As batatas de Alice
Luciano Siqueira
Em ligação de vídeo pelo
smartphone, minha neta de 7 anos avisa:
- Estou arrumando a mesa para
o café da manhã.
- Ótimo!
- Veja, esse lugar aqui é de
Cláudio e Reginaldo.
- Quem!?
- Minhas duas batatas.
- Batatas, como assim?
- Minha mãe e meu pai não me
dão peixinhos num aquário, estou criando essas duas batatas...
- Criando como?
Vai até a sala e mostra na
tela do celular duas batatas inglesas acomodadas no sofá:
- Veja, vovô, elas duas
estavam vendo filminho comigo, agora vão para a mesa.
- Por que Claudio e
Reginaldo?
- Porque são nomes bonitos.
E segue falando que as duas
batatas com nome de gente têm até lugar para dormirem, no quarto dela.
E eu viajo na imaginação
dessa companheirinha que todas as manhãs, desde que a pandemia nos obrigou ao
distanciamento, faz ligações em vídeo para conversar com a avó e o avô.
.
Dias depois, pergunto:
- Como estão Cláudio e
Reginaldo?
- Cláudio morreu.
- Morreu de quê?
- Apareceu uma coisa estranha
(talvez um fugo, suponho) e precisei botar no lixo. Mas Reginaldo continua
aqui.
- Tá bem, Pixilinga (assim a
chamo carinhosamente), cuide bem dele.
- Estou cuidando, é meu
amigo.
.
A imaginação fantástica e lírica das crianças nos ajudam a viver.
Veja uma dica de leitura:
Cida Pedrosa https://bit.ly/3ns6HtO
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