Vinicius Junior precisa correr contra o tempo no Real Madrid
Tomara que ele evolua como jogador
e se torne o fenômeno que imaginei que seria
Tostão, Folha de S. Paulo
Além da gravíssima
tragédia na saúde e da presença de um presidente da República negacionista,
o Brasil vive outros grandes problemas, políticos, sociais, econômicos e de
comportamento. Os corruptos estão aliviados com o afrouxamento do combate à
corrupção. Não podemos perder a esperança. O amigo José Trajano já se vacinou.
Minha vez está perto.
Assim como o
governo federal, os estados e as prefeituras precisam socorrer os mais pobres e
os pequenos empreendedores, a rica CBF tem que ajudar os pequenos clubes e seus
atletas, neste momento de paralisação de alguns campeonatos. Todos deveriam
parar.
Rogério Ceni tem demonstrado, como treinador, a mesma seriedade profissional e
obsessão por detalhes científicos que tinha como atleta. Ele tem reclamado de
parte da torcida do Flamengo que o critica, mesmo com a conquista do
Brasileiro.
Os torcedores
têm saudade do tempo com Jorge Jesus e se queixam do fato de que, por pequenos
detalhes, o Inter, com uma equipe bem mais modesta, teria sido campeão.
Rogério Ceni, mesmo quando era um excepcional atleta, não desperta muita
simpatia, diferentemente de alguns outros treinadores, como os portugueses Abel
Ferreira e Jorge Jesus. Rogério, com sua enorme autoestima, passa a impressão,
às vezes, de prepotência. A autoestima, sentimento essencial para o ser humano,
é, muitas vezes, inseparável do exagerado narcisismo.
Na Europa,
teremos ótimas partidas pelas quartas de final da Liga dos Campeões. O Bayern é
mais forte que o PSG, mas o time francês possui Neymar e Mbappé. O PSG, que
perdeu a final da última temporada para o Bayern, mudou de treinador.
O anterior, o
alemão Thomas Tuchel, inexplicavelmente, colocava o zagueiro Marquinhos de
volante e Neymar mais recuado, no meio-campo. Tuchel faz agora grande sucesso
no Chelsea, favorito contra o Porto. O fato mostra que técnicos, sem mudar as
ideias, alternam fracassos e sucessos, pois dependem muito de inúmeros outros
fatores.
O Manchester City, que tem jogado um futebol primoroso, é o favorito contra o
Borussia Dortmund. Real Madrid e Liverpool fazem um jogo equilibrado. Os dois
times, que não vinham bem, têm mostrado sinais de recuperação.
Quando atua bem,
os plantonistas de Vinicius Junior, no Brasil e na Espanha, o tratam
como craque, pouco valorizado por Zidane. Quando ele atua mal (jogo sim, outro
não), é bastante criticado, como se fosse um jogador qualquer. Ele não é uma
coisa nem outra. Vinicius não pode reclamar que não tem tido muitas chances, já
que o titular, Hazard, está quase sempre contundido.
Vinicius é um
ótimo exemplo das diferenças entre um atacante hábil,
driblador, capaz de conduzir a bola em extrema velocidade, sem perdê-la, e um
atacante técnico, minimalista, que dá passes decisivos, que finaliza bem e que
tem lucidez para tomar as decisões certas. Falta a ele também o talento
coletivo, a capacidade de enxergar os detalhes e o posicionamento de todos os
que estão a sua volta e de calcular a velocidade da bola, dos companheiros e do
adversário, características dos grandes craques.
Tomara que
Vinicius evolua e se torne um fenômeno, que imaginei que seria, quando o vi
jogar nas categorias de base da seleção
brasileira. Apesar de ter somente 20 anos, já está há quase
três no Real Madrid. Ele precisa correr contra o tempo. Não é o tempo que
passa, somos nós que passamos, como diz a letra de uma bela música.
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