Vítimas da necropolítica
Rosalva Silva*
Com
o surgimento de uma pandemia, onde o desconhecido se faz presente, os gestores
e planejadores de saúde precisam se apoiar nas aprendizagens das ocorrências
passadas, que, apesar de estarem no passado, com uma tecnologia menor que a
atual, elas sempre nos auxiliam à tomada de decisão.
Uma
pandemia nova traz para a sociedade diversos desafios políticos, econômicos,
culturais e principalmente na saúde, responsável por direcionar diversas
diretrizes para solucionar a crise sanitária. Portanto, se não sabemos o que
fazer, precisamos voltar ao passado, como uma forma de compreender o pensar de
hoje, dentro da nossa realidade e desafios.
As
decisões políticos sociais dentro de uma pandemia precisam deixar claros qual o
valor da vida e como a ciência pode fazer para protege-la, a partir dos
direcionamentos estratégicos para os demais setores, que precisam colaborar. Assim
como o próprio comportamento social, que fica ainda mais explícito diante da
crise, uma pandemia que transforma o comportamento da humanidade. Na Pandemia
da COVID-19, podemos perceber a necessidade de um resgate social, daqueles que
se mostram frios perante às mortes e colapso do sistema de saúde. Uma parte da
sociedade perdeu o laço de solidariedade, negando-se ao pertencimento social e
à noção de responsabilidade mútua, pois cada “Cada vida importa e vai fazer falta.”
A
insensibilidade do presidente da República perante as vidas e a sua não
colaboração com as decisões governamentais colocadas pelos estados para salvar
vidas, se transformaram no que chamamos de necropolítica.
Moramos
em um país com grande capacidade produtiva, mas somos um dos mais desiguais. As
pandemias revelam o que fica escondido em tempos normais, exacerbando ainda
mais a alta desigualdade social, em que uma grande parcela pobre da sociedade, além
de enfrentar a crise sanitária, dentro dos grupos mais vulneráveis, ainda
precisam lidar com o fato de serem pobres e esquecidos na agenda pública.
A
sociedade de fato, está corrompida por uma parcela que prefere não reagir às
mortes. É preciso fazer um resgate dos valores sociais, guiados pela parte da
população que não se degradou. Caso contrário seremos apenas um aglomerado de
pessoas egoístas insensíveis à dor do outro.
*Rosalva Silva é Doutoranda em Saúde
Pública pela Fiocruz
.
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