04 abril 2021

Palavra de poeta


 A João Pedro Teixeira

Agamenon Travassos Sarinho


Mãos crispadas
prendiam ao peito ensanguentado,
num derradeiro ato,
livros e cadernos.
Ferramentas que trazia
para plantar nos filhos
sementes do saber.

(Oxalá colhesse adiante
mais que feijão e batatas,
sementes para tornar reais
tantos sonhos coletivos)

Por sina campesina,
plantou-se à terra
irrigada pelo próprio sangue.
E sob facão e arado
o solo tornou-se árido
E foi preciso mais sangue
- foro cobrado pelo dono da terra.

Ainda hoje
adubamos tua cova
tornada fértil lerão.
A cada ano
trazemos com as flores
mais braços
para tua Revolução.

[Ilustração: Sebastião Salgado]

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Uma dica de leitura para quem gosta de Ariano Suassuna https://bit.ly/3whh2hh

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