Futuro,
no esporte e na sociedade, deveria estar no respeito à diversidade
Futebol brasileiro precisa evoluir
e conciliar jogo individual com coletivo, não tem de ser uma coisa ou outra
Tostão,
Folha de S. Paulo
Começou o
espetáculo das Olimpíadas.
Além do futebol masculino e feminino, pretendo ver outros esportes. Gosto de
todos, até de badminton. Não tenho a desculpa de que não dá para acordar. Idoso
levanta cedo.
A cerimônia de
abertura foi linda, sóbria e simples, como são os japoneses. No
fim, o sonho de paz e de felicidade, individual e coletivo, simbolizado na
música "Imagine", de John Lennon e Yoko Ono. Foi emocionante.
Estive no
Japão, no Mundial de 2002, como colunista da Folha. Gostaria
de voltar para passear. Tenho muitos planos. Pena que a vida é curta.
Para o
otimista Barão Pierre de Coubertin, os Jogos Olímpicos têm funções educativas,
éticas e de união dos povos. Não é só isso. Com a profissionalização de todos
os esportes e o surgimento da sociedade do espetáculo, virou também um grande
negócio. Os atletas de alto rendimento representam o mito do herói, endeusados,
glamourizados e, rapidamente, consumidos e descartados. O espetáculo exige
novos personagens.
Para ser um
grande campeão, os atletas precisam ultrapassar todos os limites técnicos,
físicos e emocionais. Os grandes vencedores são ambiciosos, obcecados pelo
sucesso. Alguns atletas, na ânsia e na pressão pela vitória, às vezes recorrem
a meios ilícitos e antiéticos, como o uso de drogas, mesmo correndo grandes
riscos de serem flagrados e duramente punidos.
Além do jogo
de futebol masculino e feminino, pelas Olimpíadas, continuam a Libertadores e
o Brasileirão,
que terá neste domingo (25) uma ótima partida, entre Flamengo e São Paulo, duas
equipes que foram muito bem no meio de semana pela Libertadores.
Contra o
Defensa y Justicia, Renato escalou Bruno Henrique aberto, como um ponta, e
Arrascaeta pelo centro, ao contrário do que fazia Jorge Jesus. Assim, Gabigol
ficou mais longe de Bruno Henrique, uma possível razão de não ter se destacado
contra os argentinos.
As seleções
olímpicas masculina e feminina foram muito bem na primeira rodada. O técnico
André Jardine, contra a
Alemanha, foi brilhante. Em vez de escalar Claudinho pelo meio e
Richarlison pela esquerda, o que seria o habitual, o esperado, colocou
Claudinho pela esquerda, como armador, e Richarlison formando dupla, pelo
centro de ataque, com Matheus Cunha.
Os dois,
contra a frágil e adiantada defesa da Alemanha, deitaram e rolaram, principalmente
nas bolas lançadas nas costas dos defensores. Neste domingo, o jogo contra a
Costa do Marfim pode exigir uma estratégia diferente.
Após os
primeiros ótimos momentos das seleções masculina e feminina, que enfrentaria
neste sábado (24) a fortíssima Holanda, houve exagerados elogios ao futebol
brasileiro, pela habilidade e pela fantasia.
Ainda é cedo.
A seleção masculina é muito forte. Daniel Alves e Richarlison são titulares da
equipe principal. Se colocarem Neymar, Casemiro, Marquinhos e um dos goleiros
da seleção principal, o time ficaria quase no mesmo nível da equipe dirigida
por Tite.
Independentemente
dos resultados e das atuações das seleções masculina e feminina, o futebol
brasileiro precisa evoluir, conciliar o jogo individual com o coletivo, o
drible com o passe, a ousadia com a prudência, a disciplina e a solidez com a
improvisação e a habilidade com a técnica. Não tem de ser uma coisa ou outra.
O futuro, no
esporte e na sociedade, deveria estar no respeito à diversidade, no interesse e
na inteligência coletiva, na capacidade de conciliar e assimilar o que há de
melhor nos diferentes.
.
Tema político, veja: Quem avisa que vai melar o jogo com tanta antecedência bom sujeito não é https://bit.ly/2TUCwlA
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