05 julho 2021

O "rolo" da vacina

O que falta apurar na máfia das vacinas

Luis Nassif, Jornal GGN

 

Houve avanços nas investigações sobre a máfia das vacinas incrustada no Ministério da Saúde. Ontem, o Fantástico passou uma reportagem grande sobre o tema. Apesar dos recursos fartos, não avançou em muita coisa para explicar o que está ocorrendo com as vacinas.

Descrevemos o golpe na reportagem Xadrez para Entender a História do Cabo das Vacinas. Falta esclarecer os seguintes pontos:

1. Em que consistia o golpe, já que o pagamento seria contra a entrega de vacinas, que a americana Davati não possuía?

Uma hipótese seria a da Davati juntar uma demanda grande, nos contatos conseguidos por seus intermediários, e depois sair atrás de qualquer xepa no mercado internacional.

Outra possibilidade é dos clientes apresentarem cartas de crédito, que seriam descontadas dando tempo para a Davati subir na poeira. Ontem, reportagem da Folha mostrou que a Davati foi criada em 2016, sem histórico nenhum na compra de remédios.

2. O esquema Davatti

Até agora, mesmo com toda sua enorme estrutura, o Fantástico apenas repetiu o que já sabíamos sobre a Davati. Mas é evidente que ela montou um esquema internacional para jogadas no mercado das vacinas. Esse esquema precisa ser destrinchado.

3. O representante comercial da Davati.

Nada se falou ainda do pivô de toda essa história, o representante comercial da Davati no Brasil. É ele quem mantem contato com Luiz Miranda e, depois, com a Senah e o cabo Domingueutti.

4. A participação do deputado Luiz Miranda.

No xadrez desenvolvemos uma hipótese, a partir da revelação de que ele mantinha conversas habituais com o representante da Davati no país. Mas tentou também vender vacinas e foi impedido pelo esquema Ricardo Braga? Nesse caso, a postura do irmão teria que ser revista.

5. As relações entre a Secretaria Nacional de Assistência Humanitária e Flávio Bolsonaro.

Pelas fotos divulgadas, é óbvio que o bispo da tal Senah é ligado ao bolsonarismo. Mas, até agora, não se levantou a atividade da tal associação, a maneira como atua e como se aproximou do bolsonarismo.

6. O histórico da Precisa e da Global na gestão Mandetta-Pazuello

Ambas as empresas foram participantes dos principais golpes aplicados pelo deputado Ricardo Barros, quando Ministro da Saúde do governo Temer. Pouco se sabe até agora, das tentativas bem-sucedidas no governo Bolsonaro. O que se tem de concreto é sua participação na compra de uma das vacinas chinesas.

7. A participação do general Pazuello.

Ainda não está claro se Pazuello foi um Ministro que não conseguiu segurar a onda, ou se foi cúmplice das esbórnias, representante os militares que levou ao Ministério. Como, aparentemente, parte da conta penal irá para ele, poder ser que se sinta estimulado a contar o que sabe.

.

A CPI continua botando mais caroço para o indigesto angu de Bolsonaro https://bit.ly/3dkvSvC

Nenhum comentário: