Bolsonarismo tenta destruir
todos os valores da PM, diz ex-comandante
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O
caso do coronel Aleksander Lacerda, afastado da Polícia Militar de São Paulo
por ter convocado colegas para o ato golpista pró-Jair Bolsonaro de 7 de
Setembro, revela como o bolsonarismo contaminou uma corporação tradicional. Na
opinião de Glauco Carvalho, ex-comandante de Policiamento da Capital, só
afastar o infrator não basta diante de um “fato de gravidade extrema”.
“Fico com a lei e com os princípios de minha
instituição. Ele tem de ser punido sob o ponto de vista administrativo e sob o
ponto de vista penal militar”, afirma Carvalho, que é coronel e está na reserva
há seis anos. A seu ver, “o procedimento administrativo tem de ser célere.
Fosse em outras épocas, ele (Aleksander) estaria
preso hoje ou amanhã para dar exemplo para a tropa”.
Aleksander, seu ex-aluno, também criticou
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou o governador João Doria
(PSDB-SP), seu superior, de “cepa indiana”. Oficiais, porém, não podem
manifestar posicionamentos político-partidários
“É preciso diferenciar oficial da ativa do
oficial da reserva. O da reserva, até certos limites, pode se manifestar, ter
vida partidária. O da ativa tem limitações severas em decorrência do papel na
sociedade e por ele portar armas”, diz Carvalho. Para ele, o Brasil, sob o
governo Bolsonaro, “está de ponta-cabeça”.
“Se ficar só nisso (no afastamento), abrimos
a possibilidade de ações de indisciplina se alastrarem por toda instituição. E
vou além: a punição dele tem de ser pública”, avalia. “Nessas circunstâncias,
apesar de meu apreço ao Aleksander, a punição tem de ser pública para que, do
soldado mais recruta ao coronel, vejam que a PM não tolera esse tipo de
atitude.”
Ele crê que a Polícia Militar vive uma crise
decorrente do golpismo de Bolsonaro. “Precisamos tirar as PMs desse buraco – e
o bolsonarismo usa de todos os instrumentos para instalar o caos.”
Exemplo disso, diz Carvalho, é a atuação do
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.
“Ele usou o fato de PM ter o pior salário do Brasil e o uso de câmeras pelos
policiais para que os PMs se insurjam contra o Doria. Ele usa um instrumento
que vai mudar a PM em dez anos – o uso de câmeras – para criar clima de
insubordinação”, critica.
Segundo ele, “o bolsonarismo não tem
institucionalidade, não tem limites, e tenta destruir todos os valores da
instituição. É o que tem de mais indecente na vida pública do País”. Carvalho
agrega: “Temos um presidente que, para permanecer no poder, prega a
desinstitucionalização das organizações do estado, como as Polícias Militares,
as Forças Armadas, o Ministério Público e a Justiça”. (Com informações do Estadão. Edição: André Cintra)
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Veja:
Um encontro entre velhos companheiros de luta https://bit.ly/3kbDHqq
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