Datafolha: 46% dizem ter deixado de falar com amigos e
familiares sobre política
Pesquisa indica que 14% foram
ameaçados verbalmente e 5%, fisicamente, índices parecidos aos de julho
Júlia Borbon, Folha de S. Paulo
Quase
metade dos brasileiros diz ter deixado de falar com amigos
ou familiares sobre política para evitar discussões nos últimos
meses, aponta pesquisa Datafolha. Esse índice é de 46%, similar ao
registrado em julho (49%).
O
silêncio é mais comum entre mulheres, mais jovens, mais escolarizados, mais
ricos e eleitores de Ciro Gomes, do PDT (54%).
Também é maior entre os apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (48%), em
comparação aos de Jair Bolsonaro, do PL (40%).
Outro
resultado que mostra preocupação do eleitor em tocar no assunto, perguntado
pela primeira vez pelo instituto, é o número de pessoas que se sentiram menos à
vontade para declarar seu voto para presidente recentemente: 35%.
O
receio pode ser reflexo da série de episódios de
violência política que tem marcado as eleições de 2022 em
diversos estados do Brasil. Um dos que gerou mais comoção aconteceu em julho,
quando um tesoureiro do PT foi
morto por um policial penal bolsonarista no Paraná.
Neste mês, um apoiador do presidente matou com 70
facadas um colega de trabalho que apoiava Lula em Mato Grosso. No último sábado (24), no
Ceará, um homem esfaqueou outro após entrar em um bar perguntando quem
votaria no petista.
No
mesmo dia, um outro homem que usava uma camiseta com menção a Bolsonaro foi esfaqueado no município de Rio do Sul,
em Santa Catarina. A Polícia Civil investiga se o crime teve motivação política ou
se foi uma briga familiar.
Para
a turma de Lula agora “santinhos” fazem a diferença https://bit.ly/3SeQTdN
Segundo
a pesquisa Datafolha, 14% afirmam ter sido ameaçados verbalmente por suas posições
políticas nos últimos meses, número semelhante ao do levantamento de julho
(15%). O número vai a 16% entre os eleitores de Lula e 12% entre os de
Bolsonaro.
Já as ameaças físicas são citadas por 5%, nível também próximo ao da
rodada anterior, que aferiu 7%. O resultado novamente varia positivamente entre
simpatizantes do petista (6%) e negativamente entre bolsonaristas (3%).
O instituto ouviu agora 6.800 pessoas de 16 anos ou mais em 332 cidades,
de terça (27) a quinta (29), com margem de erro de dois pontos percentuais.
Contratado pela Folha e pela TV Globo, o levantamento foi
registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-09479/2022.
A rodada mostra ainda que falar sobre suas preferências políticas ou
revelar quem é seu candidato a presidente em locais públicos, a desconhecidos,
é visto como a situação que mais pode gerar problemas —34% citam essa opção, em
resposta múltipla.
O trabalho aparece como o segundo ambiente com mais desconforto (24%),
seguido de locais com a família, amigos ou colegas (21%), igreja ou culto (16%)
e escola ou faculdade (9%). Só 1% citam pesquisas eleitorais e 14% dizem não
ver incômodo em nenhuma dessas situações.
Homens veem mais problema no trabalho e mulheres, com a família.
Moradores do Centro-Oeste temem os lugares públicos acima da média de outras
regiões. Eleitores de Lula, por sua vez, citam mais as igrejas e cultos do que
os apoiadores de Bolsonaro.
O Datafolha aponta ainda uma afinidade política dentro das famílias
brasileiras: 66% dos entrevistados afirmam que todos ou a maioria dos seus
parentes votarão no mesmo candidato a presidente que eles (74% entre lulistas e
75% entre bolsonaristas).
Outros 15% dizem que uma minoria dos seus familiares escolherá o mesmo
postulante ao cargo e 10%, que ninguém vai votar igual. A soma desses dois
índices sobe para 34% entre os mais jovens, para 63% entre os eleitores de Ciro
e para 59% entre os de Simone Tebet (MDB).
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urna, qual programa? https://bit.ly/3fplfvA
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