Personalidade intacta
Luciano
Siqueira
Li agora, de relance, que o olfato pode revelar parte da personalidade de cada um de nós.
Mais não li. Não me interessei.
Suponho que seja algo relacionado à propaganda de perfumes. Ou de
alimentos temperados?
Depois, no curto espaço de tempo debaixo do chuveiro, me veio à mente
essa afirmativa e me dei conta de que algum quinhão da minha própria
personalidade pode ter se esvaído com a covid.
Contra três vezes a virose, sem maiores consequências por estar
antecipadamente vacinado. Mas desde a primeira vez o meu olfato não é o
mesmo.
Não uso perfumes. Nunca usei. Mas sinto falta do prazer de sentir o
cheiro de uma boa dobradinha ou de um prato recheado de frutos do mar.
À mesa, recorro à memória para acrescentar ao prazer da degustação o
característico odor do que estou ingerindo.
Suco de frutas, então, é uma frustração: sempre saboreei me deliciando
com o odor característico do maracujá, da acerola, do caju, da pitanga...
O fato é que pós-covid moléculas odoríferas já não assimiladas pelos
receptores do meu epitélio olfativo e a informação não chega ao cérebro.
Entretanto, até onde percebo, minha personalidade parece intacta.
Que assim seja.
Leia sobre o mar que nos ameaça https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/06/minha-opiniaoo-mar-que-nos-ameaca.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário