Para melhorar a mobilidade
Oswaldo
Lima Neto
Dentre
os diversos aspectos que preocupam na mobilidade urbana, o congestionamento de
tráfego lidera. Ele é fruto de uma política que vem privilegiando há décadas o
auto privado. Minorar este problema, que influencia diretamente nossa qualidade
de vida, depende de ações do poder público, porém depende também de uma mudança
cultural da nossa parte, cidadãos, pois não há solução que não envolva
restrição do uso do auto privado em determinados locais e horários. Este
problema não é só nosso, ele está presente mundialmente nas cidades médias e
grandes. Pretendemos apresentar boas práticas que vêm sendo internacionalmente
adotadas visando minorar este problema.
A
demanda por transporte é derivada da necessidade das pessoas em exercerem
atividades que estão espalhadas no espaço, portanto, a maior ou menor
necessidade de deslocamentos motorizados depende da localização destas
atividades, ou seja, do planejamento do uso e ocupação do solo. Toda cidade que
almeja um bom padrão de qualidade de vida tem de dispor de um plano de
desenvolvimento urbano que orientará seu crescimento. Atualmente recomenda-se
que ele seja denso e tenha uso misto, naturalmente é extremamente recomendado
que este plano de desenvolvimento tenha na sua elaboração a participação da
sociedade.
Algumas
das questões que preocupam a todos atualmente podem receber soluções de curto,
médio ou longo prazos.
As
questões relacionadas ao tráfego são de curto prazo, necessitam de um órgão
gestor de trânsito extremamente competente, que tenha um quadro de
profissionais permanente trabalhando nos setores de engenharia de tráfego,
fiscalização de tráfego e educação de trânsito, porém, que privilegie as ações
de operação de tráfego ao invés da simples autuação. Este órgão tem de dispor e
utilizar o que há de mais avançado em tecnologia nesta área.
Estas
ações precisam ser complementadas por quatro medidas que irão certamente
minorar o problema do congestionamento em médio e longo prazo. Primeiramente,
não deveríamos permitir a localização de polos geradores de tráfego - shopping
center, supermercados, lanchonetes, academias, etc. - em locais
reconhecidamente já saturados, ou seja, devemos ter uma atenção ao uso e
ocupação do solo. Em segundo lugar, deveríamos promover uma priorização real do
transporte público e do não motorizado (bicicleta e pedestre), pois se eles
ofertarem boas condições de conforto e segurança podem atrair usuários de auto,
desafogando nossas vias. Em terceiro, precisamos adotar políticas de restrição ao
uso do automóvel, seja através de uma política de estacionamento restritiva nas
áreas congestionadas, o uso do pedágio urbano (ex. Londres e Cingapura), ou
rodízio (ex. São Paulo, Cidade do México e Bogotá), dentre outros. E, por
último, mas não menos importante, o uso amplo da intermodalidade, dispondo nas
estações de metrô ou do SEI de estacionamento para bicicletas e auto com preço
incluído na tarifa do transporte público.
Estas
ações tem de ser pensadas em caráter metropolitano, exigindo do prefeito da
capital um papel de liderança junto aos demais prefeitos da Região
Metropolitana para que haja uma concertação dos governos locais na execução das
mesmas.
Porém,
cabe à sociedade um papel decisivo na implantação destas medidas seja cobrando,
participando do seu planejamento, lutando por sua implantação e acompanhando
sua execução. Para tanto, se dispõe hoje de uma ferramenta fantástica que são
as mídias sociais. (Publicado no Jornal do Commercio, Recife).
(*) Oswaldo Lima Neto é professor da área de Transportes do
Departamento de Engenharia Civil da UFPE, doutor em Planejamento de Transporte
Urbano pela Universidade Técnica da Renânia do Norte Westfália, Aachen,
Alemanha.
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