Ariano, iluminando as estrelas!
Ruy Sarinho
Ao cair da tarde desta quarta-feira, 23 de julho de
2014, o Recife escureceu derramando do céu pesadas lágrimas de despedida do
grande paraíbucano Ariano Suassuna.
Apesar da tristeza do momento, não poderiam ser
tristes, essas lágrimas dedicadas a esse brincalhão por natureza.
Acabara de se encantar o Mestre, escritor, poeta,
dramaturgo…
Um artista completo, da alma mais brasileira da
cultura popular, mais irrequieta, irreverente, debochada, buliçosa, moleque.
Um eterno caçador da verdadeira alma-identidade
brasileira, radical, polêmico.
Não apenas um caçador.
Mas um criador nato dessa identidade-alma do povo
brasileiro.
Teimoso, graças a Deus!
Na defesa dos valores nos quais acreditava, Ariano
tinha a teimosia da Mulher do Piolho.
Uma de suas histórias mais engraçadas que tive a
felicidade de ouvir, numa entrevista que fiz com ele, ao vivo, para rádios do
interior pernambucano, acho que em 1995, 1996, por aí, no Rádio da Secretaria
de Imprensa do Governo do seu amigo Miguel Arraes de Alencar.
Certa vez, Ariano disse que gostava mais das
histórias que contava em que a polícia saia apanhando.
Eram as que eu mais gostava de ouvir.
Um combatente perpétuo contra a descaracterização
da cultura brasileira e a sua vulgarização.
Uma estrela de um brilho do tamanho da luz do sol.
Um Iluminado, iluminante, por natureza.
Sem estrelismo nenhum.
Simplicidade pura!
De gênio!
Para fazer rir, bastava Ariano começar a falar.
E aí, era só olhar pro seu jeito puro e
transparente, que a gente começava a rir, aquele riso leve e espontâneo.
Sem nem saber por que, mas sabendo; porque Ariano
dominava, como ninguém, a arte de fazer rir, só pelo seu jeito de falar, de
contar as coisas.
Mal acabou a sua última Aula-espetáculo, no 24º
Festival de Inverno de Garanhuns, na última sexta-feira, tendo como tema o seu
amigo Capiba, Ariano já está encantando todas as almas do Céu, as boas e as
ruins, com os espetáculos de suas aulas geniais.
Um Viva, muitos Vivas a este genial brincante da
vida, Ariano Suassuna.
Obrigado, Ariano Suassuna!
Olinda, 24 de julho de 2014
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