Carta em defesa do Estado Democrático de Direito, da preservação dos
direitos individuais e garantias fundamentais e da liberdade e veracidade da
informação
Nós,
servidores da Fundação Joaquim Nabuco, livremente abaixo-assinados, vimos por
esse documento repudiar todas as práticas jurídicas e midiáticas excessivas que
vêm maculando a democracia brasileira.
Tornamos
pública a nossa manifestação em favor do Estado Democrático de Direito, da
preservação dos direitos individuais e garantias fundamentais e da liberdade e
veracidade da informação, alertando sobre as práticas arbitrárias e unilaterais
de setores do judiciário e da mídia.
O
acirramento do clima político no Brasil está conduzindo a uma visão equivocada
sobre os instrumentos legítimos de investigação policial e judicial e de
divulgação de fatos, induzindo a sociedade ao conservadorismo e a um clima de
insegurança face à adoção de medidas claramente concernentes aos Estados de
exceção, de triste memória, em que as práticas jurídicas são utilizadas para
dar legalidade a ações que ferem frontalmente a Constituição e todas as demais
leis em vigor no país.
O olhar
devassador sobre a vida íntima dos indivíduos e o seu pré-julgamento, com a
prática de prisões temporárias em que as pessoas são levadas a realizar
delações premiadas sem a necessária comprovação das afirmações, pode levar a
Nação a uma excessiva judicialização do cotidiano, esgarçando e fragilizando as
relações sociais necessárias para o andamento de todos os demais setores da
sociedade.
Todas essas
ações demonstram ter o interesse de desqualificar e enfraquecer apenas a um
grupo político dentro da sociedade brasileira, configurando-se em flagrante
perseguição. Isto pode ser afirmado pela quantidade de evidências que apontam
além desse grupo e que não são objeto de investigação.
Caso
permaneça essa excessiva judicialização, estaremos caminhando para uma espécie
de ditadura civil judicial, ao sabor de procedimentos adotados sem que haja
previsão legal que os legitimem.
Ao mesmo
tempo, a mídia está servindo de berço para um discurso unificado em torno de um
único lado da questão, reforçando o pré-julgamento, dando significados às ações
para além do que os envolvidos afirmam e dando visibilidade às práticas
excessivas do judiciário, sem a necessária crítica, princípio básico das
práticas jornalísticas de Estados democráticos. A ausência de uma regulação
responsável do setor de comunicação produziu uma indústria da notícia que se
move sem qualquer compromisso com a verdade dos fatos, tratando as informações
como verdades e não como versões e claramente ignorando ou falseando várias das
posições envolvidas.
Mostra-se
com isso a urgência do debate de uma legislação que salvaguarde os cidadãos das
irresponsabilidades do setor de comunicação e também a necessária discussão
sobre o sistema de concessão dos meios e empresas de comunicação.
Por fim, é
importante deixar claro nosso repúdio a atos ilegais de qualquer ordem, sendo a
sua punição segundo os ditames da lei e não o escárnio público produzido pela
conjugação entre mídia e judiciário que se assiste todos os dias. A
parcialidade e a falta de isenção no trato dos fatos, com a manipulação de
imagens e das declarações e a prática contumaz de vazamentos de informações
ainda em investigação, dão um tom de insegurança diária a todos os cidadãos,
produzindo uma recorrente imagem do Brasil como um país de corrupção e
desonestidade, que não condiz com as ações da maioria do povo brasileiro.
Coletivo
Fundaj pelo Estado Democrático de Direito
1. Patricia Bandeira de Melo
2. Joanildo A. Burity
3. Cristine Bonfim
4. Patricia Simões
5. Cibele Barbosa
6. Cibele Rodrigues
7. Cleide Galiza
8. Isolda Belo da Fonte
9. Rosalira Oliveira
10. Sylvia Couceiro
11. Sílvia Gonçalves Paes
Barreto
12. Mônica Monteiro
13. Sergio Kelner
14. Miguel Espar Argerich
15. Juceli Bengert Lima
16. Darcilene C. Gomes
17. Luciana Marques
18. Rita de Cássia B. de Araújo
19. Izaura Rufino Fischer
20. Tarcísio Quinamo
21. Cesar de Mendonça Pereira
22. Silvana Barbosa Lira de
Araujo
23. Janirza Cavalcante da Rocha
Lima
24. Morvan de Mello Moreira
25. Solange Fernandes Soares
Coutinho
26. Sônia Maria Dantas Vieira
27. Ana Nogueira
28. Yves Goradesky
29. Silvana Meireles
30. Wilson Fusco
31. Agostinho Odísio
32. Wellington Lima
33. Ricardo Clericuzi
34. Sérgio Arcoverde
35. Ana Arruda
35. Ana Arruda
36. Maurício Antunes
37. Maria José do Nascimento
38. Uiara do Carmo Wanderley da
Silva
39. Lígia Albuquerque Melo
40. José Alexandre Barbosa
Pinto
41. Ricardo Amaral
42. Albino B. de Oliveira
43. Paulo Rubem Santiago
44. Cláudia de Oliveira da
Silva Braga
45. Maria Veronica Ferreira
Cavalcanti
46. Cristiano Felipe Borba do
Nascimento
47. Semada Ribeiro
48. Rosa Olindina Carvalho de
Moura
49. Edna Silva
50. Carlos Cordeiro
51. Veronica Daniele Araújo
52. Verônica Soares Fernandes
53. Moacir dos Anjos
54. Jefferson Lindberght de
Sousa
55. Rodrigo Cantarelli
56. Solange Carlos de Carvalho
57. Cynthia G. Falcão Pereira
58. Maria José Gonçalves
59. Vera Lúcia Marques Portela
60. Nara Maia Antunes
61. Ana Lucia Pires
62. Ronaldo de Carvalho Lamour
Filho
63. Suiany Carvalho Padilha
64. Túlio Velho Barreto
36. Maurício Antunes
37. Maria José do Nascimento
38. Uiara do Carmo Wanderley da
Silva
39. Lígia Albuquerque Melo
40. José Alexandre Barbosa
Pinto
41. Ricardo Amaral
42. Albino B. de Oliveira
43. Paulo Rubem Santiago
44. Cláudia de Oliveira da
Silva Braga
45. Maria Veronica Ferreira
Cavalcanti
46. Cristiano Felipe Borba do
Nascimento
18. Rita de Cássia B. de Araújo
19. Izaura
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