Sem espaços para
propostas
Jornal GGN
Foram quase 30
minutos de uma "entrevista" sem brecha para qualquer proposta.
Fernando Haddad até recebeu de William Bonner um "obrigado" por
"enfrentar" as
perguntas da bancada ao final de sua participação no Jornal Nacional, nesta
sexta (14). O presidenciável do PT, que colunistas da velha mídia tentam
reduzir a "poste de Lula", passou bem longe de se deixar intimidar.
Contornou todos os ataques que recebeu - e não foram poucos, como era
previsível - e fez contrapontos às narrativas dos apresentadores. Expôs com
clareza e fidelidade aos fatos a aliança do Golpe de 2016 em plena Rede
Globo.
Logo
no início, os apresentadores passaram alguns minutos insistindo para que Haddad
fizesse um pedido de desculpas público, em nome do PT, por causa de todos os
escândalos de corrupção, principalmente o Mensalão e a Lava Jato. Haddad não
cedeu.
"Eu
divido a questão da seguinte maneira. Tem o governo que fortalece as
instituições que combatem a corrupção, e governos que enfraquecem essas
instituições. Na minha opinião, os governos do PT foram os que mais
fortaleceram o combate à corrupção."
Haddad expôs
que a corrupção revelada pela Lava Jato vem de "tempos remotos",
embora a imprensa insista em atribuir o esquema exclusivamente ao PT.
Pressionado
pela pretensa delação de Renato Duque (tomada como verdade absoluta pelos
apresentadores), na qual o ex-diretor da Petrobras diz que Lula tinha
conhecimento de todos os esquemas de corrupção na estatal, Haddad respondeu que
acha difícil que qualquer presidente tenha conhecimento de detalhes do
cotidiano das empresas do Estado e admitiu que "as estatais ficaram
desguarnecidas" em termos de fiscalização. Mas não deixou de fazer constar
que delatores e empresários que enriqueceram com desvios na Petrobras já estão
soltos, usufruindo de seus patrimônios e, em muitos casos, não apresentaram
provas que corroboram as delações.
"INVESTIGADA
A GLOBO TAMBÉM É" - O clima
passou a ficar tenso quando Bonner começou a propagar o discurso da Lava Jato,
dando a entender que o PT não tem "casos isolados" de corrupção, mas
"sistematicamente" opera como uma organização criminosa que faz de
tudo para se manter no poder. O jornalista nivelou petistas que foram delatados
mas não acusados, acusados mas não condenados, réus condenados sem trânsito em
julgado e outros, como Dilma Rousseff, que não são réus, mas investigados, como
se fossem todos culpados.
Haddad não
deixou por menos e disse que a Rede Globo também é investigada por problemas
fiscais, e não recebe o mesmo tratamento que Bonner confere a petistas.
- A Rede
Globo muitas vezes condena por antecipação, disse Haddad.
-
Eu faço jornalismo, defendeu Bonner.
-
Vocês não tratam os problemas da Rede Globo como tratam os problemas do PT.
(...) Vocês são uma concessão pública e têm problemas na Receita. Mas não vou
ficar aqui antecipando julgamento", devolveu o petista.
Haddad
conseguiu, ainda, contornar os golpes desferidos com base em ações apresentadas
pelo Ministério Público de São Paulo nas últimas semanas. O ex-prefeito expôs,
inclusive, que a imprensa insiste em colocar em xeque um contrato da Prefeitura
com a Constran (consórcio com 30% de participação da UTC), quando a licitação
nunca foi questionada por nenhum órgão de controle ou fiscalização. Os próprios
delatores negam superfaturamento.
Quando o
presidenciável passou a expôr os resultados do combate à corrupção que sua
gestão promoveu apostando na Controladoria-Geral do Município, Renata
Vasconcellos interrompeu:
- Candidato,
acho que o Bonner está satisfeito com sua resposta...
- Mas eu não
estou satisfeito. Quando é sua honra que está em jogo, você decide [quando
para].
Quando é a minha, eu decido, disparou Haddad.
Questionado
sobre a derrota no Paço paulistano, em 2016, para João Doria (PSDB), Haddad deu
uma aula sobre a conjuntura que levou o anti-petismo à vitória em inúmeras
cidades antes administradas pelo PT. O papel da mídia, que alimentou o clima de
ódio ao PT com a Lava Jato, foi novamente criticado.
"Aconteceu
uma indução a erro. O eleitor foi induzido a erro. Ele votou de acordo com as
informações que ele tinha. A informação que ele tinha era que o PSDB era de
santos e o demônio do Brasil era o PT."
Veja vídeo: Fernando Haddad, candidato à
Presidência, concede entrevista ao Jornal Nacional https://bit.ly/2xm7Zyi
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