20 setembro 2018

Tendências a considerar


Três questões sobre a pesquisa IBOPE
Sérgio Saraiva, Jornal GGN
A pesquisa IBOPE de 18 de setembro de 2018 foi muito feliz em captar esse momento. Bolsonaro e Haddad parecem ser os que passaram pela peneira. Mas o que virá a partir de agora?
As três questões
Bolsonaro tem teto? Haddad está em um crescimento sustentável? E, principalmente, que efeito terá o voto útil guiado pela rejeição a ambos?
As respostas decidirão a eleição.
Tudo mudou
Para se avaliar o quanto o quadro eleitoral mudou em 30 dias, basta lembrarmos que em 20 de agosto de 2018, na pesquisa IBOPE, Marina Silva era a segunda colocada na corrida presidencial com 12% dos votos. Bolsonaro tinha 20% de intenções de voto e era o líder. Em um cenário sem Lula. E o nome de Haddad – com 4% - só ficava à frente dos nanicos.
Tudo será como antes
É interessante percebermos que, quinze dias depois, em 04 de setembro de 2018, o quadro não havia se alterado significativamente. Então, Marina mantinha seus 12% e a vice-liderança. E Bolsonaro e Haddad também mantinham suas respectivas posições, mas haviam crescido 2 pontos percentuais (22% e 6%). Crescimento dentro do limite da margem de erro que também era de 2%.
A pesquisa mostrava um quadro de estabilidade e Bolsonaro e Haddad uma discreta tendência de crescimento - um na liderança, o outro na rabeira. Tudo mudou, nas últimas duas semanas.
Nada será como antes
Neste instante da Pesquisa IBOPE de 18 de setembro de 2018, Bolsonaro e Haddad lideram. Bolsonaro acrescentou em um mês 8 pontos percentuais e Haddad estrondosos 15 pontos percentuais. Marina despencou para o sexto lugar.
Os dois fatos que provocaram as alterações são bem conhecidos. O atentado a Bolsonaro, em 06 de setembro, e a indicação de Haddad para substituir Lula, em 11 de setembro.
Mas as curvas de Haddad e de Bolsonaro são diferentes e merecem ser estudadas se quisermos fazer algumas inferências sobre o que poderá ocorrer até o primeiro turno.
O atentado a Bolsonaro
Falou-se até que Bolsonaro vitimizado poderia ganhar já primeiro turno. Não é o que sua curva mostra, mas sem dúvida houve melhoria significativa do seu índice de intenções de votos.
Na pesquisa de 11 de setembro – cinco dias após atentado e que, portanto, capturou seu efeito junto ao eleitorado – Bolsonaro acrescenta 4 pontos percentuais a sua intenção de votos e vai a 26%. Um acréscimo de quatro pontos percentuais está fora do limite da margem de erro. Logo, não se trata de uma variação estatística, mas de um crescimento real. Mas um crescimento pequeno, se considerado o impacto midiático do atentado.
Haddad, acabara ser nomeado herdeiro de Lula, logo, essa pesquisa ainda não capturou o significado disso junto ao eleitorado. Haddad tinha acrescido mais 2 pontos percentuais e chegava a 8% de intenções de voto. Confirmando sua tendência de crescimento, mas discreta, novamente. Dentro dos limites da margem de erro.
Haddad foguete
Na pesquisa de agora – 18 de setembro – que capturou a indicação de Haddad – o agora candidato do PT está com 19% de intenções de voto. Acrescentado 11 pontos percentuais. Em uma semana.
E Bolsonaro também, cresce. Acrescenta mais dois pontos percentuais e vai a 28%. Mostrando que mantém um viés de alta. Mas voltou ao padrão de crescimento dentro do limite da margem de erro. Apesar da continuada exposição midiática.
O que será que será?
Em uma primeira leitura pode parecer que o “efeito vitimização” atingiu seu pico. Bolsonaro, a partir daí, poderia continuar a crescer lentamente ou mesmo, passada a comoção, perder votos e retornar a um patamar provavelmente entre 26% e 22%.
Em relação a Haddad, nada pode ser previsto. Estatisticamente, seu crescimento é completamente fora de padrão. Podemos esperar outro salto como esse? Lula tinha 39% de intenção de votos, na última pesquisa em que seu nome apareceu como possível candidato. Haddad os herdará todos? Provavelmente não. Haddad continuará a crescer? Provavelmente sim. E passará Bolsonaro? Pode ser que sim, em um efeito combinado de subida de um e queda do outro.
Mas, em relação a Haddad, herdeiro de Lula, qualquer previsão, terá que esperar a próxima pesquisa para uma avaliação de seu real potencial de crescimento.
É provável outro cenário para um segundo turno que não Bolsonaro e Haddad? Não. Ciro Gomes, o terceiro colocado, aparentemente estabilizou na casa dos 12% de intenção de  votos. Os outros são os outros.
Quem ganha no segundo turno?
Hoje, Bolsonaro e Haddad estão empatados. Mas Haddad com viés de alta e Bolsonaro, mais uma vez, insinuando uma estabilização.

Qual o papel que a rejeição recorde de Bolsonaro – 42% - e a rejeição em crescimento de Haddad – 29% - terão na decisão final do eleitor? Aparentemente, Haddad, aqui também, leva a melhor.

Haddad presidente?
Por tudo que se avalia, o cenário é claramente favorável para Haddad.
#Ele não
E é aqui que o que parece que pesará decididamente para a eleição é o jogo de rejeições guiando os votos úteis. O antipetismo atávico e o antibolsonarismo como em uma declaração de guerra.
Nesse instante, talvez, seja esse jogo de rejeições o que elegerá o próximo presidente da República.
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