04 setembro 2018

Muito a acontecer


Richard Brandão
Eleição presidencial: conjecturas
Luciano Siqueira, no Blog da Folha


Fora do horário e do ambiente de trabalho — em respeito à legislação eleitoral —, reúno a equipe do meu gabinete para um breve exercício de monitoramento das eleições presidenciais.

Maksandro Souza, economista, militante experimentado, instado por mim a mediar a discussão e ao mesmo tempo posto na condição de arguido por todos, salienta alguns elementos que devem ser levados em conta.

Num provável segundo turno, candidatos que porventura não sigam na disputa tenderão a apoiar o contendor com o qual mantenha maior afinidade programática. Marina Silva, da Rede, por exemplo, diante de um confronto entre Haddad, do PT-PCdoB e Alckmin, do PSDB, se aliaria naturalmente ao tucano.

Marina provavelmente escolheria qualquer candidato do centro-direita, talvez com exceção de Bolsonaro, da extrema direita, do qual o eleitorado da Rede não se aproxima. O mesmo faria Alckmin, Alvaro Dias, Meirelles, Amoedo e o próprio Bolsonaro.

Outra questão: confirmada a substituição de Lula por Haddad, ainda seria uma incógnita em que percentual os atuais eleitores de Lula identificariam no ex-prefeito de São Paulo o seu preferido. Uma parte — qual percentual? — poderá migrar para outros candidatos.

Os 22% ostentados por Bolsonaro com certa estabilidade reflete a existência de uma parcela do eleitorado tendente à direita. Opta agora pelo capitão como poderia optar por qualquer outro com discurso semelhante — simplista, rasteiro, sintonizado com a insatisfação “não  esclarecida” de uma parcela expressiva do eleitorado.

Além disso, o direitista correu praticamente só junto ao eleitorado conservador, enquanto o mercado e as elites mais retrógradas demoraram muito a escolher seu candidato — até ungirem Geraldo Alckmin quase que por ausência de um nome mais competitivo. 

A desconstrução da figura de Bolsonaro, encetada pela campanha de Alckmin e pela grande mídia, explorando o que há de mais grotesco em suas atitudes e no seu discurso, poderá deslocar parte do seu eleitorado. Não necessariamente para Alckmin. Para quem?

Demais, como um pano de fundo, há que se reconhecer que a sociedade — portanto, o eleitorado — está polarizada entre a imensa maioria que rejeita a agenda do atual governo e uma minoria (a elite dominante e segmentos próximos dela).

Essa polarização poderá se refletir nas pesquisas até o final da campanha, pondo um candidato à esquerda (Haddad ou Ciro) versus Bolsonaro ou outro do mesmo campo no segundo turno.

São conjecturas apenas, porém assentadas na realidade. Valem para quem acompanha a peleja com a intenção de compreendê-la para além das aparências.

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