Vencer é possível
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Qualquer que seja o resultado do pleito
presidencial, a alternativa preferencial do núcleo hegemônico da elite
dominante — o rentismo e o complexo midiático — terá fracassado.
Fracasso em dois tempos.
Na fase pré-eleitoral,
concomitantemente com o avanço da tentativa de desmonte do sistema político
através da Operação Leva Jato, se buscou um outsider que empolgasse os incautos
e viabilizasse uma candidatura presidencial ultraliberal, mas disfarçada de um
“novo” capaz de superar a crise e vencer a corrupção.
Sucessivas sondagens e experimentos midiáticos
foram feitos em torno de figuras como a do apresentador de TV Luciano Huck.
Fracassaram.
Depois, quando do registro das
candidaturas, afrouxaram as rédeas e em nome do mercado se colocaram Geraldo Alckmin,
Henrique Meirelles, Álvaro Dias e João Almoedo, com Marina Silva de quebra.
Provido de alianças partidárias, tempo
de TV e maior volume de recursos financeiros, Geraldo Alckmin se converteria na
bola da vez, recauchutado como opção “centrista”.
Como contrapeso, a suposição de que
Ciro Gomes isolado não teria fôlego competitivo e que a inviabilização judicial
da candidatura de Lula não resultaria — pelo desgaste acumulado do PT — num
substituto capaz de absorver parte considerável das intenções de voto no
ex-presidente, majoritárias em todas as pesquisas.
Ao final do primeiro turno, a realidade
contraria essas expectativas. É quase certo um segundo turno entre o capitão
Bolsonaro versus Fernando Haddad.
No dizer de uma frustrada colunista do ‘Estadão’,
“embora o discurso por uma nova candidatura
contra o radicalismo de Bolsonaro e
do PT tenha até provocado algum zum zum zum nas redes sociais, os números do
Ibope não oferecem muitas esperanças. Ciro Gomes tem apenas 10%. E Geraldo
Alckmin, cada vez mais cristianizado pelos aliados, não passa de 7%. O jogo,
agora, parece cada vez mais ter ficado apenas entre Bolsonaro e Haddad.”
Daí a aproximação do rentismo e da mídia
hegemônica com a candidatura do capitão de extrema direita – variante da
proposta ultraliberal -, na tentativa de evitar o que para eles seria o mal
maior, a vitória de Haddad.
Duas questões de fundo se sobressaem:
uma tremenda subestimação da capacidade de discernimento do eleitorado; e a
falsa suposição de que agenda neoliberal possa ser facilmente camuflada e empolgar
a maioria dos eleitores.
Isto posto, para o campo popular e progressista
impõe-se agora uma mescla de firmeza de propósitos com amplitude e largueza tática.
Fernando Haddad no segundo turno, não se
deve abrir mão do núcleo essencial do programa, porém é preciso estabelecer
acordos não apenas com os apoiadores de Ciro Gomes, mas também com segmentos
situados no centro político democraticamente acessível.
Assim, a vitória é uma possibilidade.
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