Rebaixar departamento de
combate à Aids é um erro que pode “devastar gerações”
Para especialista, o combate à Aids já dispõe de
ferramentas e técnicas proporcionadas pelo avanço tecnológico. Se o número de
infectado não cai tanto quanto poderia, a questão está no "descaso dos
governantes"
Jornal GGN
Rebaixar
o Departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde a um setor mesclado com
outras doenças desconexas é uma simplificação e ignorância do governo Bolsonaro
que “pode devastar gerações”. O Brasil não deveria “tratar HIV como se fosse
uma verminose”, avalia o médico infectologista Rico Vasconcelos, formado
pela Faculdade de Medicina da USP, em artigo divulgado no UOL.
No texto, Vasconcelos faz críticas ao esvaziamento
do protagonismo do Departamento de HIV/Aids. Criado em 1986, o antigo
órgão era “colecionador de prêmios, elogios e marcos na história da
epidemia mundial de HIV, como o oferecimento gratuito do tratamento
antirretroviral, PEP e PrEP.”
No ano passado, por exemplo, “anunciou como resultado de suas
ações a redução histórica de 15,8% em apenas 3 anos na mortalidade por Aids no
Brasil.”
“Ao
diminuir a importância da resposta brasileira à epidemia de HIV/Aids, o governo
caminha na contramão das tendências mundiais e expõe o seu total
desconhecimento sobre o assunto”, afirma o especialista.
“Isso fica ainda mais gritante se o argumento da nova
organização for a economia de recursos, uma vez que a Aids é ainda uma das
principais causas de mortes, todos os anos, entre adultos jovens, segundo o
último relatório da Organização Pan-Americana de Saúde. Adultos estes que
poderiam ter seguido suas vidas com saúde e produtivas para o país, se tivessem
recebido a atenção necessária para a infecção por HIV.”
Para Vasconcelos, o combate à Aids já dispõe de ferramentas e
técnicas proporcionadas pelo avanço tecnológico. Se o número de infectados não
cai tanto quanto poderia, a questão está mais no “descaso dos governantes do
que da falha da medicina”.
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