09 março 2020

Uma luta não apenas das mulheres


Desigualdade persistente
Luciano Siqueira

Matéria recente na Folha de S. Paulo dá conta de que a desigualdade de gênero segue acentuada em profissões emergentes em segmentos de ponta da economia.
Das oito áreas profissionais que mais crescem no mundo, seis contratam mais homens do que mulheres, segundo levantamento feito pelo Linkedin. As mulheres ocupam em média apenas 20% das vagas.
Em levantamentos sucessivos a partir de 2002, a disparidade de gênero tem se mostrado crescentemente acentuada. Em carreiras com alta demanda e remuneração em crescimento é que elas estão mais sub-representadas.
O capitalismo dos nossos dias, em tempo da chamada Revolução 4.0,  não supera, só aprofunda a desigualdade de gênero. Uma discrepância enorme com as conquistas das mulheres em sua luta emancipacionista na esfera institucional (conquista de direitos) e mesmo cultural, obtidas nas últimas cinco décadas.
Essa discrepância, um fato concreto, sinaliza para o entrelaçamento da luta feminista com as bandeiras gerais de caráter transformador da sociedade. São instâncias da luta comum dos que desejam um mundo de igualdade em todas as dimensões da vida. Inseparáveis.
A igualdade de gênero no mundo do trabalho é, portanto, um projeto eminentemente político e implica alterações profundas no próprio modo de produção dominante.
Ou seja, sob o capitalismo dos nossos dias – em sua forma mais aviltante, o neoliberalismo –, que concentra a produção e a riqueza, incrementa a ultrafinanceirização das atividades econômicas e exclui do processo produtivo e do mercado de consumo a maior parte da Humanidade, não há possibilidade sequer de se reduzir a desigualdade de gênero em termos minimamente consistentes.
Daí também se tira outra dedução, tão óbvia quanto incompreendida por parte de setores dos movimentos feministas na atualidade: a luta pela igualdade de gênero não é e nunca será apenas das mulheres. Tem sentido estratégico e envolve todos os gêneros!
Manifestações de estreiteza e sectarismo, que tendem a colocar movimentos feministas apartados da luta geral do povo, levando-os ao gueto, em nada contribuem para que possamos avançar rumo a um mundo de igualdade.

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